Os problemas com a estocagem de grãos continuam para os produtores dos municípios do Vale do Araguaia, em Mato Grosso. A região não possui armazéns suficientes para abrigar a produção que vem do campo, e sofrem também com a falta de caminhões que realizam o transporte.
A carência de infraestrutura na armazenagem no Vale do Araguaia é destaque do episódio 77 do Patrulheiro Agro desta semana.
O caminhoneiro Santo Rangel Raizel de Meira relata que tem sido um desafio aguardar na fila para descarregar o caminhão. “Eu cheguei ontem a noite aqui, por volta de oito horas da noite. Eu peguei a senha 62 e está chamando na 18. Provavelmente não vou descarregar hoje, a demora é demais”, desabafa Santo.
Soja aguarda na lavoura por caminhões
Com o clima desfavorável nesta safra, a disputa por espaço para guardar a produção é ainda maior para quem não possui armazém na propriedade. O agricultor Rafael José Wilbert aponta que a soja está passando do ponto na lavoura à espera de um caminhão.
“Aqui as colheitadeiras estão paradas, bazucas tudo cheias, está tudo parado à espera de caminhão. A soja está no ponto de colheita, quase passando. Se der dois dias de chuva já começa a dar ardido. Mas, a perda é igual. Há perda de umidade, conforme vai passando os dias vai perdendo o peso. Está bem defasada a quantia de armazém para quantia de lavoura no município hoje”, diz Rafael.
Em algumas fazendas, a saída é recorrer a outras opções improvisadas para estocar os grãos. O agricultor Diego Dallasta explica que está gastando bem mais com outros métodos para armazenar os grãos.
“Hoje, nós temos um custo entre todos equipamentos e mão de obra em mais de R$ 2 mil por saca de soja que é colocado no silo bolsa. Você tem um custo por saca que você não teria se a armazenagem fluísse de uma forma correta”, explica Diego.
Investimentos além do esperado
Diante de todas as adversidades, alguns produtores estão precisando investir um pouco mais para tentar solucionar a situação. O agricultor Edemar Wish construiu em sua propriedade uma pequena estrutura com capacidade de movimentar de seis a sete mil sacas de grãos.
“Investi em um barracão aqui para ter uma válvula de escape. Se não tem caminhão, e o tempo permite, a gente carrega e coloca dentro do barracão, para depois no momento que houver uma folga, vamos carregando e levando para o armazém. Uma saída para socorrer um pouco no momento mais crítico”, salienta Edemar.
O agricultor Marcos da Rosa conta que os armazéns da região não acompanharam o avanço das produções nos últimos anos. E, os produtores que deveriam ter construído um armazém próprio, também não se atentaram a esse avanço.
“Passamos rapidamente nos últimos 14 anos de 70 mil hectares para 310 mil hectares de lavoura de soja. A armazenagem não acompanhou as produções, não construíram. O produtor que deveria estar construindo, também não construiu. Nós temos que nos conscientizar disso ou vamos continuar sofrendo”, pontua Marcos.
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*Supervisão: Viviane Petroli