CONEXÃO FPA-MT

Projeto de lei quer autorizar controle populacional de javalis em MT

O projeto de lei 560/2024 autoriza o controle e o manejo sustentável da espécie e de todas as suas formas, linhagens, raças e diferentes graus de cruzamento

Uma espécie exótica que se multiplicou no Brasil e tornou-se um risco para a sanidade animal e uma “praga” que destrói lavouras de soja e milho. O javali entrou no radar dos parlamentares de Mato Grosso com o projeto de lei 560/2024, que autoriza o controle populacional e o manejo sustentável da espécie e de todas as suas formas, linhagens, raças e diferentes graus de cruzamento. 

A proposta, de autoria do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), condiciona à autorização do proprietário, arrendatário ou possuidor do imóvel o controle feito dentro de propriedades privadas. 

O texto explica que o controle pode ser feito por meio de caça, armadilhas e outros métodos aprovados pelo órgão ambiental competente e terá o objetivo de minimizar os impactos ambientais e os efeitos nocivos à saúde pública. O projeto está em tramitação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

Cattani diz ao Conexão FPA-MT desta semana que o javali é um animal extremamente agressivo, de grande porte e que Mato Grosso já possui uma quantidade populacional muito grande desses animais. 

“Onde ele se propaga afeta o meio ambiente e temos uma urgência de controle dessa praga porque não existe um controle natural para ele. Os outros porcos que temos aqui no estado, como o caititu e o porco do mato, são de menor porte e possuem predadores naturais. O javali não, ele é o predador de qualquer coisa e quando eles entram nas lavouras, fazem um estrago muito grande”, afirma. 

O diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Diego Bertuol, conta que essa é uma demanda  muito antiga da base. 

“O cateto, o javali e o queixado vem tirando as produções dos produtores. Nós estamos fazendo um trabalho em conjunto com a Comissão de Ambiente na compra de mais de  100 câmeras que vão monitorar dia a dia o ataque desses animais não só no milho mas em nascentes de águas e matas nativas”, diz. 

Bertuol comenta que talhões são atacados nas propriedades rurais e que muitas vezes, não consegue tirar 30 sacos para cobrir o investimento. 

O diretor executivo do Fórum Agro MT, Xisto Bueno, parabeniza a atitude de Cattani tendo em vista que o governo federal tem tido dificuldades para realizar esses ajustes. “É importante que haja uma tentativa de solução desse problema”. 

Risco para o status sanitário do estado

O médico veterinário da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Júnio César Santos, pontua que o ponto importante desse assunto é que o javali compartilha das mesmas suscetibilidades de doenças que podem contaminar animais. 

“Mato Grosso caminha para a certificação de um estado livre de febre aftosa sem vacinação e também é um estado que conquistou o status livre de peste suína clássica, doenças que os suínos são muito suscetíveis”, explica. 

Para ele, o controle de javali é importante e necessário. Isso porque se um javali for diagnosticado com peste suína clássica, o estado não perde o status livre da peste mas se um suíno doméstico for diagnosticado, o status sanitário do estado fica comprometido. 

 A Acrismat possui um projeto de monitoramento, em parceria com o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), fez um mapeamento do estado relatando a presença dos javalis. Armadilhas foram instaladas, de acordo com a legislação vigente, para abate e coleta de amostras para análises, principalmente, da peste suína clássica. 

Para o deputado estadual Dilmar Dal Bosco (União Brasil), os animais atrapalham na safrinha de milho. 

“Eu acho que temos que ter esse controle porque atrapalha muito o potencial produtivo do estado. Nós temos muitos ambientalistas e Ongs querendo dificultar a tramitação e ainda estamos em discussão desse projeto”, finaliza.

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