A comercialização de sementes de soja para a safra 2023/24 em Mato Grosso está com ritmo mais lento se comparado ao da última temporada. No município de Primavera do Leste, o cenário tem preocupado os produtores rurais. Eles temem uma concentração que pode causar transtornos na hora da entrega do insumo, próximo ao início do plantio.
Conforme o setor, cerca de 65% do volume produzido foi negociado até agora, enquanto no mesmo período do ano passado, mais de 85% do montante já estavam vendidos. O estoque limitado de sementes de uma das cultivares mais procuradas pelos agricultores nesta safra também preocupa.
O presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Nelson Croda Machado, comenta que o ano foi muito atípico para os produtores. Mas que isso não irá comprometer a qualidade da semente entregue ao agricultor.
“Foi um ano difícil. Mas os associados possuem uma estrutura muito boa em termos de UBS, secagem e armazenamento, com isso podemos garantir a qualidade das sementes que negociamos”, conta o presidente.
De acordo com a Aprosmat, foram produzidas para a safra 2023/24, cerca de 12,5 milhões de sacas de sementes de soja, repetindo o mesmo desempenho da última safra. Porém, segundo os sementeiros, a quantidade é insuficiente para atender a demanda do estado. A preocupação do setor, ainda se atrela à comercialização do produto, que segue em ritmo lento.
Baixa na soja preocupa produtores
O tesoureiro do Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos Agropecuários de Mato Grosso (Cearpa), Marcelo Henrique da Cunha, lembra que o valor da soja despencou do início do ano até aqui, o que faz com que aumente o receio dos agricultores quanto aos custos da próxima temporada.
“Para você ter uma ideia, no ano passado (para comprar sementes para cultivar) um hectare, ficava na média de três sacas e meia. Hoje, a relação está dando entre seis e sete sacas, (considerando) o preço atual da soja. É isso que causa um entrave nos negócios”, afirma.
A disponibilidade de alguns materiais que foram negociados também gera apreensão. “Nos preocupa justamente no caso da ‘Olimpo’ que é uma das sementes mais procuradas. Vai ser uma das mais vendidas, então, pode ser que falte”, explica Cunha.
Agricultor em Jaciara, Jorge Diego Giacomelli reforça o transtorno gerado quando a cultivar escolhida não é entregue. “Chegar na primeira quinzena de setembro e receber um comunicado que não terá aquela variedade que você havia programado e que você vai ter que escolher outra, custa caro. Você acaba tendo que fazer malabarismo e geralmente isso acaba não dando o resultado programado. Gera uma frustração tanto de produtividade quanto de qualidade de grão, um transtorno total aqui no campo”, finaliza.
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