Agricultores em Querência, região nordeste de Mato Grosso, correm contra o tempo para tentar minimizar o atraso e finalizar a implantação da safra 2024/25 de soja no município. A chuva irregular é apontada como o principal gargalo, prejudicando o avanço das plantadeiras no campo. Segundo os produtores, algumas lavouras já tiveram que ser replantadas.
Na propriedade da família Schneider o desenvolvimento da lavoura de soja é acompanhado de perto, principalmente as últimas áreas cultivadas, que já deveriam estar com as plantas mais adiantadas. Contudo, conforme o produtor Olimar Schneider, a falta de umidade no solo prejudicou o crescimento das mesmas.
“Era uma área que já era para estar fechando o terceiro trifólio e está querendo sair da terra agora. Geralmente, dia 10, 15 de setembro já começamos a ter chuvas. Esse ano a primeira chuva foi fraca, mais ou menos dia 8 de outubro. Foi em torno de 15 milímetros”.
Olimar conta a reportagem do Canal Rural Mato Grosso que por entrarem com o algodão após a soja decidiram arriscar o plantio da oleaginosa. “Arriscamos plantar e não choveu mais”.
O período entre abril e outubro foi “sem nada de chuva” na região de Querência, relata o produtor.
“Uma seca muito grande para a região que não é acostumada com esse período tão seco. Tivemos que replantar 120 hectares e tivemos áreas que nasceram bem, mas demorou 15 dias para sair da terra. Faltou umidade. A avaliação será feita daqui 10, 15 dias para ver como a soja saiu, como vai estar o estande, como vou ter uma expectativa de produção nela, se vai ser só algodão ou deixar essa soja aí e tentar uma safra de milho na segunda safra”.
Culturas subsequentes prejudicadas
A apreensão da família Schneider é que as culturas subsequentes possam ser prejudicadas pela morosidade da soja, que deve ocupar uma área de 2.150 hectares na propriedade nesta temporada.
Conforme Valmir Schneider, o plantio de soja nas áreas de pivô ocorreu normalmente e a cultura vem se estabelecendo normalmente.
“Mas, na área de sequeiro prejudicou muito a safrinha de algodão. Tínhamos planejado plantar 1,7 mil hectares de algodão na safrinha, mas vamos cair para uns 1,3 mil hectares por causa da falta de chuva. O algodão tem que ser plantado até o dia 15, 20 de janeiro no máximo e tem áreas que vão plantar no final de janeiro. Então vai atrasar o plantio e com certeza a produtividade vem menor também lá no final”.
Valmir pontua ainda à reportagem que as áreas em que o algodão não for semeado terão o milho segunda safra como destino. Ele salienta ainda que mesmo o milho já ficou atrasado também na propriedade. “Nas últimas áreas já, porque está sendo plantada a soja agora no final de outubro, não dá uma safra de alta produtividade”.
Esperança de chuvas e alívio em Querência
Nos últimos dias as chuvas voltaram a cair em Querência com volumes considerados expressivos, trazendo um alívio certo alívio aos agricultores, que agora torcem pela manutenção da água no campo a fim de evitar o risco de mais perdas nas áreas plantadas.
“Tivemos duas chuvas de 200 milímetros. Se vier regular [a partir de agora] nós vamos ter uma safra amenizada de perdas, mas se começar a dar estiagem de novo, pois já tivemos no início, o prejuízo vai ser maior ainda. Nós temos uma soja de 110 dias, precisa de uma chuva até os 100 dias da cultura. Tínhamos uma expectativa de 80 sacas nesta área. Está preparada para isso, só estamos dependendo da situação climática”, diz Olimar.
A preocupação, de acordo com o Sindicato Rural de Querência, se estende também para outras propriedades do município nesta temporada. A perspectiva para a safra 2024/25 é que sejam cultivos em torno de 430 mil hectares de soja em Querência.
“A chuva atrasou bastante e quando iniciou veio muito irregular e de baixa intensidade. Não tivemos chuvas agrícolas que são de 20, 30, 40, 50 milímetros para iniciar o plantio. Alguns produtores arriscaram plantar e com isso tiveram um pouco de perdas, uns replantaram e tiveram um estande muito ruim”, revela o presidente do Sindicato Rural, Osmar Frizzo, ao Canal Rural Mato Grosso.
Conforme Osmar, o custo para o replantio gira em torno de oito a 10 sacas, o que “às vezes compensa deixar uma lavoura com um estande um pouco ruim do que replantar”.
“Vai ter muitas lavouras que plantaram com o estande meio ruim, então, certamente, não vai ter uma produção tão boa. Existe uma perda entre 10% e 15%, mas agora essa soja que vai plantar daqui para a frente com certeza virá bem e esse impacto vamos ter que analisar no decorrer do tempo”.
Em Querência 70% da área prevista já recebeu as sementes. O presidente do Sindicato Rural ressalta que “o plantio está atrasado” e que nos anos anteriores no final de outubro já estaria tudo plantado.
“Faltam plantar 30% da área, hoje. Então, vai impactar com certeza a segunda safra. A expectativa na previsão era boa no início. A previsão era outubro entrar chovendo bem e o produtor se antecipou e comprou a semente de milho. Hoje, vemos muitos produtores falando em cancelar o pedido. Eu inclusive vou cancelar uns 500 hectares, porque não dá para plantar na janela com risco. Plantar com risco é prejuízo na certa”.
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