Mato Grosso foi o primeiro estado a concluir o plantio da soja nesta safra 2022/23. No entanto, nem todas as regiões do campeão nacional em produção foram beneficiadas com clima favorável para a semeadura. Nas lavouras ao nordeste, por exemplo, os trabalhos demoraram a ser concluídos pela irregularidade das chuvas.
Foi este o caso de Campinópolis, onde até quem apostou no escalonamento de cultivares na tentativa de uma safra segura está apreensivo quanto ao resultado final. Isso porque temem perdas de produtividade nas variedades de ciclo precoce e, também, nas mais tardias.
“O jogo que fazemos é bem dinâmico, já que corremos o risco de lá na frente termos bastante chuva. A gente acaba concentrando o plantio e, na época da colheita, acaba aglomerando e pode faltar máquina para a colheita. É um ano desafiador que requer muita estratégia porque o risco é muito grande”, conta o consultor técnico da Campileite, João Milton Soares de Souza.
Preocupação na armazenagem
Além da falta de equipamentos para a retirada da soja do solo, os produtores rurais acreditam que a colheita possa ficar concentrada em uma mesma época e, com isso, falte espaço para a armazenagem.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Campinópolis, Joaquim José de Almeida Júnior, o armazenamento da produção do município acontece apenas nas cidades vizinhas, como Nova Xavantina e Água Boa. Para ele, além da distância, o acúmulo da produção e a sobrecarga nestes armazéns é um complicador.
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Já o presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Geraldo Delai, reforça a preocupação dos agricultores ao afirmar que a estrutura de seu município é adequada apenas para o transbordo. Outro representante de sindicato, dessa vez de Canarana, Alex Wisch, informa que a capacidade de armazenagem da cidade é de até 160 mil hectares, mas os produtores estão semeando em 320 mil hectares de soja.
“A nossa capacidade é muito aquém do que se precisa para atender os produtores não só de Canarana, mas da região. Outros municípios que têm ainda menos capacidade acabam se deslocando para cá, gerando engarrafamentos e filas ainda maiores, travando todos os armazéns”, conta Wisch.
Fazenda improvisa na armazenagem da soja
Para não ter de competir na hora de armazenar a produção, tem propriedade improvisando. Na fazenda Três Meninas, a mesma estrutura usada na pecuária é adaptada para receber os grãos. “Somos uma fazenda [que faz] integração lavoura-pecuária. Temos uma fábrica de ração que atende a parte da pecuária e junto à ela também tem uma parte que atende a agricultura, que é uma moega e, além dela, tem duas caixarias que atende até dez mil sacas”, conta o gerente de produção da propriedade, Kayton Bruno Ferreira Silva.
Segundo ele, mesmo lançando mão dessas alternativas, acontece, por vezes, de a fazenda colher produção de culturas de ciclo curto e médio em uma mesma época, inviabilizando a armazenagem no sistema conjunto.