As perspectivas para a safra 2022/23 de soja em Mato Grosso indicam um cenário de grandes desafios para os produtores. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o agricultor terá um custo operacional efetivo 51% superior ao da última temporada, chegando a R$ 6.558 por hectare. Em contrapartida, a rentabilidade deve encolher. O cálculo do Imea estima queda de 39% para o “Lajida” (lucro antes de juros, depreciação e amortização), caindo de R$ 4.683 para R$ 2.868 por hectare.
Insumos puxam alta
A safra que começa a ser plantada na segunda quinzena de setembro terá custos recordes. Sementes (+68%), defensivos (+26%) e, principalmente, fertilizantes (+113%) estão mais caros que no ciclo passado.
Com a despesa elevada, o “ponto de equilíbrio” também subiu. O agricultor precisará vender cada saca de soja por no mínimo R$ 111 para conseguir cobrir os custos. Um aumento expressivo tendo em vista que no ciclo anterior o valor necessário era de R$ 73.
Compra de fertilizantes está atrasada
A pouco menos de um mês para o início do plantio, os agricultores de Mato Grosso ainda não concluíram a compra dos insumos que vão ser usados na safra. Segundo acompanhamento do Imea, 95% das sementes e 92% dos defensivos já foram adquiridos. O ritmo destas compras supera o registrado no mesmo período do ano passado, quando as compras já somavam 93% e 87% do volume previsto, respectivamente.
O mesmo não acontece com os fertilizantes, como explica Milena Habeck, responsável pela rentabilidade agrícola do Imea. “O que nós observamos para os fertilizantes é que neste mesmo período do ano passado, já tínhamos negociações acima de 97% e, neste ano, estamos em 92%”.
O atraso, segundo ela, decorre da cautela e análise do produtor com o mercado atual. E o mesmo se repete quanto às compras para a safra 23/24. “Quando olhamos para a safra futura, no ano passado já tinha sido negociado acima de 15% e neste momento, ainda não temos nenhuma negociação”, afirma.
Apesar dos custos, área deve crescer
As lavouras de soja devem ganhar espaço em Mato Grosso. A expectativa é de que a área cresça 2,9%, chegando a 11,81 milhões de hectares. Considerando a produtividade média das últimas cinco safras, a produção projetada deve chegar a 41,51 milhões de toneladas, crescimento de 1,6%.
*Sob supervisão de Luiz Patroni