EFEITO SECA

Mato Grosso pode registrar a maior quebra da safra de soja da história

Ao menos seis municípios mato-grossenses decretaram situação de emergência por causa da falta de chuvas em 2023

A irregularidade das chuvas e o calor forte podem levar Mato Grosso à maior quebra da safra de soja da história. A estimativa é do Itaú BBA, que projeta queda de 20% na produtividade das lavouras em relação ao potencial. Desde o final de novembro, ao menos seis municípios no estado decretaram situação de emergência por falta de chuva e Tangará da Serra teve sua exposição agropecuária em 2024, a Exposerra, cancelada em decorrência aos prejuízos causados pela seca.

A perspectiva do Itaú BBA, no relatório Radar Agro de dezembro, divulgado nesta quarta-feira (20), é semelhante a pesquisa apresentada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) na terça-feira (19), na qual foi apontado que os sojicultores devem colher 36,15 milhões de toneladas nesta temporada, 9,16 milhões a menos que na safra passada.

As altas temperaturas no período da semeadura, que superaram os 40 graus em vários momentos, e a falta de chuvas regulares são apontados como os principais fatores nesta temporada 2023/24 para a falta de sono dos produtores rurais mato-grossenses.

“Reduzimos a produtividade para as lavouras do MT, com uma quebra ao redor de 20% em relação ao potencial e uma safra para o estado projetada abaixo das 40 milhões de toneladas. Com isso, a safra brasileira passa agora, nas nossas estimativas, para 153 milhões de toneladas”, diz o Itaú BBA em seu relatório.

Prejuízo na soja e decretos de situação de emergência

A colheita da soja que deveria começar nos próximos dias em Mato Grosso, teve início em meados da segunda quinzena de novembro diante do encurtamento do ciclo. Em alguns municípios, como Campo Verde e Nova Mutum, há relatos de produtividade média nas primeiras áreas colhidas de 7 sacas por hectare e 13,5 sacas. Volumes estes considerados insuficientes para cobrir o custeio da temporada de R$ 4.124,27 por hectare.

Desde o dia 30 de novembro, conforme publicado no Jornal Oficial Eletrônico dos Municípios de Mato Grosso, ao menos seis municípios decretaram situação de emergência pela falta de chuvas: Araputanga, Chapada dos Guimarães, Canarana, Diamantino, Porto Alegre do Norte e Tabaporã.

De acordo com o Sindicato Rural de Diamantino, para a soja na safra 2023/24 a perspectiva era semear 420 mil hectares. Entretanto, com a ausência de chuvas regulares e altas temperaturas estima-se uma quebra de 50%. No milho a previsão é reduzir a área de 220 mil hectares para 170 mil.

“É realmente um ano desafiador. O El Niño já levou da produção de Diamantino em torno de 50%. Muito preocupante”, pontua o presidente do sindicato, Altemar Kröling.

Conforme ele, reuniões recentes foram realizadas entre os produtores, prefeitura e Câmara dos Vereadores de Diamantino. Altemar Kröling salienta que o decreto de situação de emergência vem para auxiliar e dar segurança jurídica ao produtor para casos de necessidade de renegociação de dívidas e contratos.

“Ontem conversei com os produtores para que seja feito um lado em suas propriedades do que está acontecendo, para estar embasado, documentado, e mais o decreto emergencial. Com isso você pode sentar e discutir uma repactuação de contas, parcelas e contratos”.

Governo de Mato Grosso atento à situação

Em vídeo enviado para o Canal Rural Mato Grosso, o governador do estado Mauro Mendes afirma que o Poder Executivo está acompanhando de perto a situação das lavouras para eventuais medidas venham a ser tomadas para ajudar os produtores.

“Nesse momento estamos num estado de alerta, de apreensão em função do regime de chuvas que tem se alterado muito no estado de Mato Grosso. Existe a expectativa, ainda não confirmada, que nós podemos ter uma quebra da safra em torno de 20%. Estamos torcendo muito, rezando também, para que as chuvas se reestabeleçam nos próximos dias num ritmo que não comprometa ainda mais a safra de soja e também a safra de milho e algodão”.


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