PREJUÍZOS

Mato Grosso: chuva irregular atrasa cultivo da soja e pode refletir no milho 2ª safra

Em algumas regiões produtores relatam ausência de chuva há mais de 20 dias, o que leva a suspensão do plantio da soja

falta de chuva na soja em mato grosso foto pedro silvestre1
Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

As chuvas irregulares em Mato Grosso já causam prejuízos aos produtores. Além de atrasar o cultivo da soja e gerar risco de replantio em algumas áreas, outra preocupação é com os reflexos na segunda safra de milho, que está com a janela de semeadura ameaçada.

Até o dia 20 de outubro o estado havia semeado 60% dos 12,2 milhões de hectares previstos para a safra 2023/24. Em Paranatinga, região sudeste de Mato Grosso, as preocupações dos produtores são visíveis, assim como os prejuízos.

Na propriedade do produtor Robson Weber a última chuva que caiu trouxe de “herança” prejuízos consideráveis no bolso: colheitadeiras danificadas em decorrência a queda do barracão, diante das fortes rajadas de vento.

“Nós tivemos um prejuízo considerável por um barracão cair em cima das máquinas e danificar parte delas. Com certeza é na casa de milhão”.

Segundo Robson, desde o ocorrido já são quase 20 dias de seca. A preocupação extra, frisa ele que pretende plantar 2.040 hectares de soja nesta safra, é quanto a semente que ainda resta no barracão à espera de umidade para ir ao solo.

“Essa semente está aqui desde o começo de outubro. Pedimos para a empresa entregar acreditando que iria dar condição de plantio, mas não deu e agora está aqui. A semente já está imunizada só esperando a chuva para plantar”, diz ele ao recordar que situação semelhante foi vivida na safra 2015/16.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Replantio de soja já é realidade

O produtor Bruno Pierdona Aimi revela ter programado para a safra 2023/24 de soja uma área de 2,4 mil hectares. Destes, apenas 700 hectares receberam as sementes até o momento. A apreensão com a falta de chuvas na propriedade é ainda maior, uma vez que cerca de um terço da área cultivada pode ter que ser replantada.

“Nós tínhamos um acumulado de 100 milímetros e hoje já fazem 18 dias sem chuva. Estamos analisando aqui, mas provavelmente 100% de replante dessa área. Está bem complicado esse ano. A chuva não veio e está bem difícil. Agora estou analisando qual semente colocar e o preço da semente agora é outro. Está bem complicada a safra. Começamos a safra mal”.

Janela do milho apertada

O déficit hídrico já causa consequências e impactos no planejamento da segunda safra. A janela apertada para o milho vem desestimulando o ânimo dos agricultores em Paranatinga e a expectativa é que o cereal seja semeado em uma área menor no município.

“Nossa safrinha aqui já perdeu totalmente o time de plantio da soja e inviabilizou 100% o plantio da segunda safra de milho aqui na região. Em nossa região milho a partir de 10 de fevereiro é inviável, de acordo com a estação das chuvas”, comenta o agricultor Rubilar Pedro Calgaro Filho.

Rubilar é mais um produtor em Mato Grosso que está com o cultivo da soja atrasado e com risco de precisar semear novamente parte da sua área. Cauteloso e preocupado com as finanças, ele decidiu abrir mão da segunda safra de milho para evitar mais prejuízos.

“Então, 100% definido que não vai ser plantado milho safrinha aqui na fazenda. Infelizmente esse ano nós vamos ter que se agarrar somente na safra normal mesmo e o nosso faturamento da fazenda é em cima das duas safras. Então já estamos em um ano bem ajustado de rentabilidade na safra normal, e agora com a perda da safrinha, que não vai ser possível plantar, vai ter uma quebra de caixa na fazenda muito grande. É muito preocupante”.


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