OLHO EM SÃO PEDRO

Irregularidade as chuvas causam atraso no plantio da soja no oeste de MT

Cenário da soja em Campo Novo do Parecis provoca incertezas em relação ao tamanho da área de soja

Produtores do município de Campo Novo do Parecis, na região oeste de Mato Grosso, estão apreensivos quanto a safra de soja 2024/25. Isso porque a baixa umidade no solo e a irregularidade das chuvas estão atrasando o plantio, o que pode impactar na produtividade.

Agricultor no município, Lucca Branco Giacomet pretende cultivar 2,3 mil hectares de soja nesta temporada. As máquinas na propriedade estão aceleradas, uma vez que o produtor atrasou um pouco os trabalhos à espera da chuva.

Segundo ele, em uma determinada faixa da área foram registrados entre 60 e 70 milímetros de chuva.

“Tem que arriscar um pouquinho para fazermos uma safrinha cheia. Estamos plantando conforme a chuva”, conta ao Canal Rural Mato Grosso.

Lucca Giacomet ressalta que a cautela para colocar as sementes em campo tem haver, também, com os preços.

“Com esses preços que está a soja não dá para arriscar. Não dá para errar. Ainda mais que no ano passado deu uns dois veranicos em novembro e dezembro que não é muito comum e pegou todo mundo meio que de calça curta. Chove em um canto, a gente planta naquele canto. Quanto mais para a frente, maior o risco da safrinha. É esse o dilema. Você tem que produzir bem, não pode errar. Se produzir bem paga a conta, mas se der uma errada, um deslize, uma seca… aí fica difícil”.

Clima torna a prejudicar a soja

A escassez hídrica também provoca atrasos e apreensão na fazenda do produtor Milton Bazila. Ele conta para a reportagem do Canal Rural Mato Grosso que até o momento plantou apenas 250 hectares dos três mil hectares previstos para a temporada.

As chuvas na propriedade, também situada em Campo Novo do Parecis, foram “muito fraquinhas”, o que de acordo com Milton, “provavelmente é uma área de perda”.

“Essa área, inclusive, vou abandonar. Coloquei uma programação para plantar 1,5 mil hectares de algodão. As chuvas estão muito esparsas. Em alguns lugares chove duas ou três chuvas e outros nada. Não tem condições de plantar, porque nós passamos um período de estiagem esse ano. Passou de cinco meses de seca intensa. O solo está muito seco”, frisa.

A previsão de poucas ofertas de chuvas para os próximos meses e o histórico de perdas de produtividade alcançado na última safra podem, conforme o produtor, reduzir ainda mais o espaço da soja na propriedade.

“Minha média no ano passado fechou em 39 sacas de soja. Já vem dessa dificuldade e agora o clima está prejudicando-nos de novo. De repente reduzir para 50%, 60% da área. Não plantar soja para plantar essa área de algodão. As previsões não são boas ainda até o final do mês”.

Apenas 30% da área do município semeada

De acordo com o Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, até o momento, apenas 30% dos 375 mil hectares de soja esperados para a safra 2024/25 foram cultivados no município. Cenário diferente do observado no ano passado, quando nesta mesma época aproximadamente 80% da área estava plantada.

“A gente vem com uns dez dias de atraso no mínimo. Vemos que algumas lavouras de soja germinaram, mas ela perde vigor porque é pouca umidade, usa muita energia do grão para tentar sair. A gente faz a conta de 6% a 7% dessa área de Campo Novo do Parecis que o pessoal já tirou o pé e vai esperar uns dias para a frente para plantar direto o algodão”, frisa o presidente do Sindicato, Antônio César Brólio.

O presidente do Sindicato recorda que a safra passada para o município foi “ruim”. “Péssimo na realidade! De 25, 35 sacas, até menos que isso. Então, descapitalizou esse produtor. Não podemos errar. Se erra dois anos a gente sabe que dificilmente o agricultor volta. Não tem caixa para ele estar voltando a plantar novamente”.

Diante do atual momento, o principal conselho dado pelo Sindicato Rural segue sendo a “cautela”.

“Melhor você plantar uma safra só. Mas, que seja bem plantada. É possível que o algodão seja plantado na época certa, porque eles deixaram de plantar a soja. Mas, temos aí uma preocupação com o milho. Sabemos que muito tarde não produz bem. Tomara que esses mapas de chuvas sejam realistas e que essas chuvas venham a cair nos próximos dias, porque estamos precisando mesmo”.


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