Mato Grosso

Incertezas políticas e climáticas deixam setor produtivo em MT apreensivo

Setor produtivo estima redução de investimentos no campo no próximo ano em Mato Grosso diante de tais incertezas

Os investimentos para a safra 2023/24 em Mato Grosso, principalmente a de soja, podem estar comprometidos. Produtores no estado revelam colocar o pé no freio diante das incertezas climáticas, econômicas, jurídicas e políticas.

Em Nova Xavantina, na propriedade do agricultor Vitor Mantelli o plantio da soja 2022/23 foi escalonado. A cautela foi motivada pela escassez hídrica, que segundo o produtor, atrasou em quase 20 dias a janela de cultivo da oleaginosa e, praticamente, põe fim a uma receita importante para a fazenda no ano: a renda do milho segunda safra. Contudo, o cenário repetiu o mesmo da última temporada.

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“Eu estava esperando plantar a soja primeiro. Mas, como não teve chuva para plantar dentro da janela, fugiu da safrinha. A safrinha aqui a esperança é se fizer algum milheto e mais nada. Eu esperava que em 2023 melhorasse. Não queria fechar dois anos no vermelho. Como é que a gente vai se organizar para a próxima safra?”, questiona o produtor.

A propriedade do produtor Carlos Alberto Petter possui o foco no cultivo de gergelim e milheto na segunda safra, além da safra de soja. Em 2022, ele revela ter obtido uma renda favorável, porém como os demais produtores da região, também enfrentou dificuldades para terminar o plantio do ciclo 2022/23 da oleaginosa.

“Tá muito enrolado. Esse ano a safrinha está comprometida. Agora a gente tem que investir tudo o que tem na safra de soja. Aqui tem algumas regiões que choveu bem, mas em outras regiões não choveu nada”, diz Petter.

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Soja
Imagem: CNA

Custo de produção caro e cenário político são temores

De acordo com o setor produtivo mato-grossense, o encarecimento do custo de produção e o cenário político em 2023 também causam incertezas e podem contribuir para uma agricultura de menor investimentos da porteira para dentro. A apreensão é vista também em municípios da região como Água Boa e em Canarana.

“Os juros também estão muito caros. Então, nós teremos um ano consideravelmente difícil, bem diferente do ano de 2022. O pessoal comprou os fertilizantes e insumos bem caro. Quando a gente tem um cenário futuro bom, apropriado, é fácil. Mas, quando a gente não sabe qual o cenário que vamos enfrentar. Se pegar o clima, a insegurança jurídica e a questão política com certeza ficamos bastante apreensivos”, pontua o presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Geraldo Delai.

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Conforme o presidente do Sindicato Rural de Canarana, Alex Wish, para a safra 2023/24 de soja as negociações de compras de insumos estão “paradas”. “Ninguém está fechando compra, ninguém está comprando nada para 2023, a não ser a safrinha que vai ser plantada agora em fevereiro. O plantio da soja para 2023 está parado. Está todo mundo com medo não sabe o que vai acontecer”.

 

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