A guerra comercial entre China e Estados Unidos pode trazer oportunidades para o mercado brasileiro da soja. O mercado futuro começa a interpretar esses movimentos com uma possível redução nas cotações na Bolsa de Chicago e um aumento nos prêmios de exportação no Brasil, neutralizando essa baixa.
O endurecimento comercial por parte dos Estados Unidos já vinha sendo anunciado pelo presidente Donald Trump desde a sua campanha eleitoral. Ele havia prometido taxar as importações de produtos da China em 60% e hoje esse percentual de tarifas aplicadas somam 145%.
“No primeiro momento do governo dele, ele foi um pouco mais brando, mas agora ele engrossou comercialmente falando. O quê que isso impacta no mercado da soja? A demanda do mercado internacional vem mais aquecida para o Brasil”, analisa o economista Ismael Menezes da MD Commodities.
A China hoje é o maior importador de soja do mundo, sendo o maior país consumidor do grão brasileiro. Para se ter uma ideia, das 98,8 milhões de toneladas da oleaginosa exportadas pelo Brasil em 2024, 72,5 milhões de toneladas tiveram a gigante da Ásia como destino, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
“O grande parceiro comercial da China no mercado da soja é o Brasil. Isso reforça cada vez mais a demanda chinesa por produtos do Brasil. Então, olhando todo esse prisma da comercialização, vemos que enquanto tiver o endurecimento comercial da China e Estados Unidos, a demanda vem muito forte para o Brasil, o que favorece o país”, pontua o especialista.
Apesar da previsão de safra acima de 170 milhões de toneladas de soja para o Brasil, o economista lembra que a guerra comercial entre as duas potências da economia mundial não tem feito com que a China compre o grão de forma avassaladora.
“A China mudou um pouquinho esse formato e ela vem comprando mais da mão para a boca, porque não temos uma situação onde os estoques finais mundiais venham num movimento de queda. Muito pelo contrário. Eles estão vindo num movimento de crescimento”, explica Ismael em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso.

Apesar das incertezas, existem oportunidades
De acordo com o economista, apesar das incertezas e temores diante do que se vem observando no mercado internacional a cada nova taxação imposta pelos Estados Unidos, existem muitas oportunidades para garantir uma boa rentabilidade.
Entretanto, ele alerta que é preciso que o produtor esteja preparado para enxergá-las e saber aproveitar as mesmas.
“Tem que encarar como oportunidade. A gente sabe, por exemplo, no caso da soja que a formação de preço leva em consideração a Bolsa de Chicago, prêmio de exportação e câmbio. São os três principais componentes. Ou seja, o produtor precisa surfar nos componentes que fazem parte da formação da soja, aproveitando isso dentro das suas estratégias de comercialização”.
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