O atual cenário de desvalorização das principais commodities produzidas em Mato Grosso, tem gerado incertezas ao agricultor. Enquanto o milho ainda aguarda o melhor momento para ser retirado do campo, a preocupação com a viabilidade econômica desta e da próxima safra só aumenta.
Desvalorização das principais commodities produzidas em Mato Grosso foram destaque do episódio 88 do Patrulheiro Agro.
No município de Campo Verde (MT) o produtor rural, Valmor Demarco, diz que não esperava essa queda nos preços das commodities. Sua expectativa era vender a saca da soja a R$170, mas com a queda, acha que venderá por algo em torno de R$100.
“Ninguém esperava que iria baixar tanto desse jeito. Não tem condições de vender nesse preço, não paga a conta”, conta o produtor.
Investimento maior não cobre custos
Ele comenta que a realidade financeira do milho está ainda pior. O investimento realizado na lavoura foi programado levantando em conta o valor de R$ 80 a saca. Só que hoje, com o grão valendo em torno de R$ 34, precisaria colher aproximadamente 150 sacas por hectare, apenas para cobrir os custos.
O agricultor já comprou todos os insumos que vão ser usados na próxima safra de milho e pagou metade do valor à vista. Com a desvalorização do cereal, está revendo os planos e o investimento na cultura.
“Acho que vamos fazer cancelamento porque se for para plantar nos cenários destes preços aí, não vira mais a conta. O nosso custo é custo alto, então é melhor parar de trabalhar, do que se endividar”, enfatiza.
Negociação de insumos gera preocupação
Na região do município de Diamantino (MT), o agricultor Rodrigo Konagesk já comercializou cerca de 60% do milho que espera colher nos 7.500 hectares cultivados nesta safra. Ele está apreensivo com a negociação dos insumos para o plantio da nova safra de soja.
“Quando a gente começa a pensar na safra 23/24, a nossa moeda é grão e eu tenho que fazer o meu custo ficar dentro disso aí. O cenário para safra de soja está muito apertado, a gente está vendo que os investimentos aumentaram, e a relação de troca por insumos está bem equilibrada, mas está mais alta do que no ano passado devido o preço futuro da soja ter caído bastante”, explica Rodrigo.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o produtor rural do estado terá que desembolsar cerca de R$ 4 mil por hectare para poder plantar a safra de soja em 23/24. O cálculo leva em consideração o custeio, que envolve despesas com insumos, operações mecanizadas, serviços terceirizados e mão de obra.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, o momento é de cautela nos investimentos para não colocar em risco a rentabilidade da propriedade.
“Fizemos um trabalho que mostrava que é possível que se reduza que se otimize o uso de fertilizantes, talvez seja hora de olhar novamente para isso, hora de tirar o pé frear e olhar para a matemática de dentro do nosso negócio. Vivemos em um momento em que os preços estão baixos e sem dúvida nenhuma a rentabilidade está em risco”, conclui.
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*Sob supervisão de Luiz Patroni