Mais de 30 municípios em Mato Grosso decretaram situação de emergência por escassez hídrica, diante da falta de chuvas. Conforme a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), as medidas ilustram o quanto a questão climática “pode afetar a capacidade de pagamento de diversos produtores”.
A entidade destaca que tem fornecido aos municípios informações meteorológicas captadas nas mais de 60 estações que integram o projeto Aproclima. Tais estações encontram-se nas principais regiões produtoras do estado.
Conforme o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, os decretos publicados por mais de 30 municípios “é um alerta que prova que há seca nessas regiões”.
No estado, como destacado anteriormente pelo Canal Rural Mato Grosso, há relatos de produtividades médias variando entre 4 e 30 sacas em áreas semeadas entre setembro e outubro, período de maior estresse hídrico e altas temperaturas.
Dentre as medidas que o produtor pode tomar para se precaver, orienta a Aprosoja Mato Grosso, estão a elaboração de laudos agronômicos periódicos feitos por um profissional habilitado; laudos de produtividade comparando as safras, atas notariais, relatórios fotográficos georreferenciados, além de outros documentos que esclareçam ou ilustrem a ocorrência.
A entidade frisa que “produtor pode utilizar essas comprovações para instruir o diálogo com seus parceiros comerciais, transmitindo confiabilidade e transparência nas negociações e comprovando de forma inequívoca o fato gerador da dificuldade para o reembolso do crédito ou cumprimento integral do contrato”.
É orientado ainda que o produtor tenha ainda todas as tratativas formalizadas, através de e-mail, por exemplo, como forma de comprovação.
“O que temos passado é uma orientação para minimizar as divergências do produtor com as empresas. É importante que ele demonstre sempre boa-fé, que faça os laudos das lavouras e procure formalizar as conversas”, enfatiza Lucas Costa Beber.
Financiamento da safra
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o custeio da soja 2023/24 ficou em 50,04 bilhões, sendo que 15,8 bilhões foram de recursos próprios; R$ 14,77 bi de multinacionais de agroquímicos, fertilizantes e sementes; R$ 9,04 bi de revendas; R$ 8,37 bi do sistema financeiro e R$ 2,06 bi de bancos com recursos federais.
Portanto, o ‘Funding Soja’ da safra 2023/24 foi 122% maior que o da safra 2019/20, quando o financiamento foi de R$ 22,50 bi. Por outro lado, os produtores assistem a queda da cotação da soja enquanto seus custos permanecem altos. Desde março de 2022, quando a cotação da soja alcançou seu pico, em R$ 184, ela caiu mais de 45%, para menos de R$ 100, em 19 janeiro de 2024.
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