Para instalar a safra 2022/23, o produtor de soja comprou insumos com altos preços, mas agora está vendendo o grão em baixa. Quem esperou para negociar a sua produção, foi prejudicado por esse “descasamento”.
Contudo, para a próxima temporada, o prejuízo tende a ser menor. O agricultor que já está adquirindo sementes, fertilizantes e defensivos tem precisado desembolsar menos dinheiro.
Mais uma prova dessa economia é mostrada pelo relatório de Custos de Produção de junho – referente a maio – do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
O documento compara o custo de produção total do ciclo 22/23 com o futuro 23/24. Lembrando que desde 15 de junho, Mato Grosso está em período de vazio sanitário.
Insumos que estão mais baratos
O custeio da produção de soja no estado líder em cultivo está 13,7% menor em maio em comparação ao mesmo período do ano passado. Nesta conta, entram os seguintes produtos:
Sementes de soja
De R$ 783,46 para R$ 607,96 por hectare – redução de 22,4%
Fertilizantes e corretivos
De R$2.417,29 para R$ 1.865,65 por hectare – economia de 22,8%
Defensivos
De R$ 1.373,00 para R$ 1.344,60 por hectare – diminuição de 2%
Compro agora ou aguardo?
O produtor Valcir Batista Gheno, de Ipiranga do Norte, no norte de Mato Grosso, cultiva soja em 2.600 hectares.
Ele conta que está pessimista quanto aos preços praticados nas principais praças do estado, ainda mais porque pagou caro nos fertilizantes em 2022. Por conta disso, já antecipou as compras, adquirindo o adubo em dezembro do ano passado.
No entanto, não são todos que já garantiram os produtos necessários à instalação da próxima safra de soja.
Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, o agricultor deve aproveitar a queda dos preços dos insumos agora, principalmente em momento de dólar mais baixo, o que impacta os preços dos fertilizantes e defensivos mais diretamente.
“Os preços dos insumos podem continuar caindo, mas acredito que a maior parte do movimento negativo já aconteceu. Por isso, o produtor já deve aproveitar”, enfatiza.
No caso das sementes, Roque afirma haver uma certa firmeza nos preços. “Isso porque as sementeiras fecharam os seus custos com o valor da soja bem mais alto, por isso não há muito espaço para baixar mais os preços devido à margem, que já está apertada”.
O que subiu de preço?
Os principais insumos para a produção de soja baixaram de preço ante à safra passada. Apesar disso, alguns fatores contribuem para que o cálculo final do sojicultor não seja mais vantajoso. Veja:
Pós-produção
A classificação e beneficiamento, armazenagem e o transporte da soja aumentaram 7,1%. Assim, foram de R$ 177,42 por hectare produzido para R$ 190,08.
Arrendamento
Outro ingrediente a penalizar o agricultor de Mato Grosso foi o arrendamento. O hectare saltou, em média, de R$ 301,41 para R$ 334,21, alta de 10,8%.
Com todos esses fatores na balança, o relatório do Imea mostra que os custos operacionais totais tiveram baixa de 4,6%. Desta forma, estão atualmente fixados em R$ 6.253,36 por hectare.
Esse cálculo exclui da equação os custos de oportunidade. Incluindo-os na ponta do lápis, a economia final é mais modesta: de 3%, sendo calculados em maio deste ano em R$ 7.392,24 por hectare de soja produzido.
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