O total do custeio da soja em Mato Grosso para o ano agrícola 2022/23 foi de R$ 57,99 bilhões. Um aumento de 88,7% no comparativo com a safra passada, motivado pela alta nos preços dos insumos. Conforme dados do Funding da Soja, divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 33% do atual ciclo foi custeado com recursos próprios do produtor, acima dos 23% da temporada anterior.
O custeio na safra 2022/23 foi de R$ 4.910,24 por hectare e uma área semeada de 11,81 milhões de hectares.
“Esse aumento nas despesas se deu, sobretudo, pela alta nos preços dos insumos agrícolas na última safra, principalmente para os fertilizantes, que apresentaram uma variação de +118,59% no seu custo”, destaca o Funding da Soja do Imea, pontuando ainda o incremento de 2,95% na área ante a safra 2021/22, influenciado pela valorização da soja no mercado.
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Produtor usou mais recursos próprios
Dos R$ 57,99 bilhões desembolsados para custear a safra 2022/23 de soja no estado, 33% foram oriundos de recursos próprios dos produtores, ou seja, R$ 18,87 bilhões. Na temporada passada R$ 7,18 bilhões (23%) em recursos próprios haviam sido utilizados.
Segundo o Imea, a elevação significativa na participação dos sojicultores no financiamento da safra era algo já esperado por alguns agentes de mercado.
“Essa maior parcela se deu, principalmente, por conta de os sojicultores estarem mais capitalizados e, com isso, terem maior poder de negociação na compra dos insumos, visto que pagamentos à vista garantem em algumas negociações descontos maiores do que a prazo, principalmente na compra de fertilizantes e defensivos, que apresentam uma maior participação dentro do custeio e que atingiram níveis elevados no último ano”.
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As multinacionais foram a segunda fonte de crédito utilizada pelo produtor em Mato Grosso com 30% de participação. O salto foi de R$ 9,07 bilhões para R$ 17,64 bilhões.
Quem também apresentou crescimento na participação do financiamento da safra de soja em Mato Grosso foram as revendas de 15% para 17%. Enquanto na safra 2021/22 haviam sido utilizados R$ 4,72 bilhões, na temporada 2022/23 foram R$ 9,99 bilhões.
“O principal fator que fez com que o share aumentasse, segundo informantes, foi a maior competitividade com outros players de mercado, o que já vinha sendo observado na safra passada. Além disso, as negociações em forma de barter também impulsionaram esse aumento da participação das revendas, como nas multinacionais”, diz o levantamento do Imea.
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Taxas de juros impactam na busca de recursos do governo
A busca dos bancos com recursos federais como agentes financeiros somaram R$ 1,42 bilhões, o equivalente a 2% de participação no custeio total da safra de soja no estado. O montante é inferior ao visto no ciclo passado de R$ 2,19 bilhões, uma participação de 7%.
O aumento das taxas de juros e o fato de os bancos com recursos federais não conseguirem absorver totalmente a demanda dos produtores, uma vez que nos últimos anos a disponibilidade de crédito do Governo Federal não acompanhou a necessidade dos produtores para cobrir o custeio da safra de soja, foram os fatores para tal resultado.
De acordo com o Imea, recursos utilizados oriundos do sistema financeiro somaram R$ 10,05 bilhões e uma participação de 17% na safra 2022/23, enquanto na passada haviam sido R$ 7,55 bilhões e 25% de participação.
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Safra 2023/24 apresenta redução de 3,55% no custeio
Para a safra 2023/24, a primeira estimativa do Imea de custo de produção apresentou uma queda de 3,55% no custeio quando comparada com o da safra 2022/23. O recuo é puxado pela redução nos preços dos fertilizantes.
“No entanto, a oferta e demanda dos insumos e o dólar deve continuar ditando as despesas com o custeio da próxima temporada”, salienta o Imea no Funding da Soja.
Outro ponto que deverá chamar a atenção na safra 2023/24 é quanto a participação do sistema financeiro, uma vez que desde a safra 2021/22 começou a perder participação de mercado, frisa o relatório.
“Já a participação de recursos próprios do produtor estará atrelado a sua rentabilidade e às oportunidades de negócios no período de travamento do custeio”.
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