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Clima ainda gera preocupação na safra 24/25, diz Aprosoja Mato Grosso

Atraso no plantio da soja pode gerar concentração de colheita e atrasar a semeadura do milho, segundo o presidente da Aprosoja Mato Grosso

A safra 2024/25 de soja foi marcada por um início de atrasos no plantio em relação à média histórica pela falta de chuvas. O que reflete em um deslocamento de fotoperíodo do grão e, consequentemente, concentração na colheita e atraso na semeadura do milho.

Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso), Lucas Costa Beber, o clima ainda é a grande preocupação dos produtores nesta temporada.

Conforme ele, como as chuvas atrasaram no início do plantio da soja, os trabalhos se concentraram mais no final e o estado possui “mais máquinas para fazer o plantio rápido do que colheitadeiras para colher”, o que irá ocasionar um atraso no milho segunda safra.

“Mesmo terminando na época certa, atrasou muito o início e é fundamental para o plantio do milho que ele seja semeado cedo, que são as sojas colhidas no início e meio da safra. E também temos o problema de que vamos ver uma concentração de oferta de soja seca durante a colheita”.

O presidente da Aprosoja Mato Grosso frisa que as empresas precisam “ser parceiras esse ano e estar atentas em, talvez, aumentar o turno. Colocar um turno a mais para poder receber esse produto dos produtores para não termos nenhum caos durante a colheita”.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Ano bom, mas não dos melhores

A expectativa do setor produtivo, se considerar o fator climático, “a de ser um ano relativamente bom, porém não será dos melhores devido a esse grande atraso, principalmente aqui para Mato Grosso”.

“Nós só teremos uma boa safra ou ótima safra de milho se justamente o clima surpreender alongando as chuvas, ou seja, saindo daquilo que é o normal. Então, a tendência é sim que haja uma quebra significativa na segunda safra do milho e que também não seja uma supersafra de soja. Não devemos ter perdas iguais à do último ano, que foi um El Niño muito intenso para nós, mas também não deve ser das melhores safras diante desse cenário”, salienta Lucas.

Moratória da soja leva empresas a pedir RJ

O pacto da moratória da soja, criado em 2006 pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), proíbe a compra de soja produzida em áreas do bioma Amazônia que tenham sido desmatadas após julho de 2008.

Em outubro de 2024, a Lei nº 12.709 que diz respeito à moratória da soja foi sancionada com dois vetos e estabelece novos critérios para a concessão de incentivos no estado e, na prática, impede o consentimento para as empresas adeptas da moratória da soja.

O pacto é classificado como “ilegal” pelo setor produtivo e que vai contra o Código Florestal Brasileiro, considerado o mais restritivo do mundo.

“Ou seja, essas empresas estavam de certa forma legislando e se impondo à lei, fazendo restrições aos produtores, já que a Abiove, a Anec e as empresas signatárias correspondem a mais de 90% do mercado comprador da soja aqui em Mato Grosso não dando opção para os produtores venderem praticamente para outras empresas. Nós tivemos empresas pequenas que pediram recuperação judicial e isso foi causado em grande parte pela moratória”, pontua o presidente da Aprosoja Mato Grosso.


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