DOIS ANOS SEGUIDOS

Prêmios negativos tiram cerca de R$ 40 bi nas exportações de grãos brasileiros

No milho as perdas chegam a R$ 21,2 bilhões e na soja já somam R$ 20,1 bilhões, aponta estudo

Pela primeira vez, o Brasil terá dois anos seguidos de prêmios negativos de exportação para soja e milho, devido a deficiência na cadeia logística do país. Estudos apontam que as perdas podem chegar a R$ 41,1 bilhões somados os anos de 2023 e 2024.

No milho, segundo a pesquisa, as perdas acumuladas nesses dois anos chegam a R$ 21,2 bilhões. Neste ano, o período negativo começou um mês antes, projetado para ocorrer entre abril e setembro, enquanto que no ano anterior, os resultados negativos impactaram as commodities entre maio e setembro. 

No caso da soja, as perdas somam R$ 20,1 bilhões, no mesmo período. Os prêmios negativos de exportação impactaram os resultados entre março e julho do ano passado e entre janeiro e maio deste ano.

soja - grãos
Colheita de soja | Foto: Wenderson Araujo/Trilux

“Em grande parte, a origem deste problema é o fato de o Brasil conviver com um déficit de armazenagem superior a 100 milhões de toneladas, porque a falta de ter onde guardar o que produz impacta na formação dos prêmios para exportação”, afirma Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber, diante do resultado de pesquisa realizada pela empresa.

Prêmio depende de variáveis para ser positivo ou negativo

O prêmio de exportação dos grãos pode ser positivo ou negativo, e sua formação dependerá de algumas variáveis, como câmbio e, no caso da soja, por exemplo, do valor pago em Chicago (EUA) em comparação com o preço do grão ao chegar no navio (Free on board). 

Ele leva em consideração a origem e o destino do produto exportado, a qualidade, a oportunidade, o frete marítimo, a demanda e a eficiência do porto exportador. O mercado monitora esses fatores e aplica esse prêmio à cotação da Bolsa de Chicago (CBOT).

Se as condições são favoráveis no porto exportador, o prêmio recebe ágio. Já se forem desfavoráveis, o prêmio será negativo, ou seja, com deságio. Durante a safra, oferta e demanda nos portos também impactam os custos.

Com um volume muito grande para escoar, o frete rodoviário fica mais caro, enquanto os prêmios de exportação podem sofrer depreciações. Além desta variação portuária, há a sazonalidade do prêmio nos portos. As negociações do prêmio são contínuas ao longo do ano.


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