PESQUISA

Podridão da soja: cultivares têm níveis diferentes de suscetibilidade, diz pesquisa

Os resultados mostraram que as cultivares têm níveis distintos de suscetibilidade ao problema que passou a ser percebido nas lavouras do médio-norte de Mato Grosso

Foto: Gabriel Faria/ Embrapa
Foto: Gabriel Faria/ Embrapa

Experimentos realizados durante a semeadura de soja na safra 2022/23 mostraram que as cultivares têm níveis distintos de suscetibilidade quanto a podridão da oleaginosa. Pesquisadores afirmam que as cultivares de hábito determinado e semideterminado revelaram um maior nível de resistência com relação à podridão de grãos, além de maior nível de produtividade de grãos em relação às cultivares de hábito indeterminado.

A pesquisa, realizada pela Embrapa, selecionou 12 plantas geneticamente modificadas e 12 convencionais em 14 locais de Mato Grosso e de Rondônia. O estudo está relacionado com a anomalia observada durante a safra 2018/19. 

Além disso, a incidência de podridão tem baixa correlação com o grau de maturidade, sendo a ocorrência similar para cultivares de ciclos precoces, médios e tardios.

Em relação às épocas de semeadura, a pesquisa mostrou maior ocorrência de podridão dos grãos de soja em semeaduras precoces, realizadas até meados de outubro.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados e um dos autores do estudo, Austeclínio Farias Neto, esse trabalho traz informações importantes para os produtores usarem na escolha das cultivares para evitar o problema da podridão de grãos.

“É fundamental que a escolha da cultivar seja feita de forma aliados ao manejo de fungicidas, conforme recomendações de pesquisas feitas pela Embrapa. Esses resultados aplicados de forma conjunta facilitarão bastante o manejo da cultura e controle da podridão de grãos de soja”, afirma o pesquisador.

Os dados de 14 ensaios realizados em Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum em Mato Grosso e em São Miguel do Guaporé e Ariquemes, no estado de Rondônia.

Pesquisa está sendo feita na safra 2023/24

Na safra 2023/24 este estudo está sendo realizado como forma de validar os dados obtidos na safra anterior. Os ensaios são realizados por 16 instituições entre empresas de pesquisa, fundações, universidades, empresas de consultoria, cooperativa e empresas detentoras de cultivares.

“É importante ressaltar o aspecto cooperativo do estudo, por meio da rede de avaliação de cultivares que foi formada. Essa rede contou com a participação de cerca de 16 instituições. Isso é fundamental na troca de informações e melhoria do aumento do conhecimento sobre a podridão de grãos”, avalia Austeclínio Farias Neto.

Podridão de grãos de soja 

Inicialmente chamado de anomalia da soja, o apodrecimento de grãos vem sendo estudado por pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Cerrados e Embrapa Soja, juntamente a instituições parceiras, desde sua identificação na safra 2018/2019.

Diferentes espécies de fungos foram identificadas em vagens e hastes com e sem sintomas de apodrecimento de grãos, mas os fatores que desencadeiam o problema ainda são desconhecidos.

Por isso, diversas redes multidisciplinares de pesquisa estão analisando dados como clima, fertilidade e física do solo, teor de lignina e outros que possam dar pistas sobre a doença.

Leia a pesquisa aqui.


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