A crescente presença de plantas de milho tiguera em muitas regiões produtoras de Mato Grosso vem chamando a atenção de agricultores e consultores. O maior temor do setor produtivo é que a proliferação de cigarrinha e molicutes leve a implantação de um vazio sanitário para o cereal no estado.
Em Campo Verde, por exemplo, a chuva de quase 50 milímetros acumulados no mês de agosto, garantiu condições para que verdadeiros “milharais voluntários” ganhassem espaço no campo. Motivo de preocupação para o setor produtivo, como o Patrulheiro Agro acompanhou de perto em seu episódio 49.
A Assist Consultoria presta serviço de consultoria para cerca de produtores rurais da região, que juntos somam mais de 50 mil hectares destinados ao cereal. O consultor Deivis Carlos Mussi pontua que nos últimos dois anos, considerados os mais secos, a proliferação de cigarrinha foi muito rápida.
“Isso preocupa bastante. Estamos cobrando hoje as empresas para termos materiais com tolerância. Você vai fazer hoje visita em campo e já vê que a pressão dessa praia de plantas tigueras já está bem acentuada”, diz Mussi.
Possível vazio sanitário em Mato Grosso
A planta tiguera de milho é uma hospedeira que possibilita a cigarrinha fazer reposições e que as ninfas se desenvolvam, explica a pesquisadora entomologista da Fundação MT, Lucia Vivan. “Se por acaso alguma cigarrinha infectada se alimentar dessa planta tiguera ela acaba sendo uma fonte de inóculo para os molicutes. E, isso faz com que permaneça o problema dos molicutes e a população da manutenção da população de cigarrinha”.
A principal recomendação, de acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), é o controle da presença de plantas tigueras, em especial para se evitar a implantação de um vazio sanitário para a cultura do milho, assim como o que ocorre com a soja visando reduzir a incidência de ferrugem asiática.
“Não deixe que a tiguera perdure na entressafra para não termos que buscar pleitear medidas mais drásticas para a frete, de repente até o vazio sanitário do milho. A gente pede ao produtor que na medida do possível não deixe tigueras vivas, porque é uma praga que vai se voltar contra nós”, adverte o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore.