PROVISORIAMENTE

Justiça Federal 'freia' expansão de terras indígenas Kapôt Nhinore entre MT e PA

Estudo aprovado pela Funai sobre a terra indígena em julho pode causar a desapropriação de 201 propriedades rurais entre os dois estados

Agropecuária, terras, arrendamento
Foto: Pedro Silvestre/ Canal Rural Mato Grosso

A Justiça Federal suspendeu nesta terça-feira (5) a demarcação das terras indígenas Kapôt Nhinore entre os estados de Mato Grosso e Pará. A decisão é provisória até que o Ministério dos Povos Indígenas apresente toda documentação comprovando a legalidade dos atos realizados.

A liminar foi concedida após ação movida pela deputada e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Coronel Fernanda (PL-MT), na 2ª Vara Cível da Justiça Federal do Distrito Federal (JFDF).

Na liminar, a Justiça Federal pontua que o Ministério dos Povos Indígenas teria violado a transparência ao impedir o acesso de municípios e outras informações específicas às informações essenciais do processo. Tal fato teria impossibilitado a busca por indenizações ou a demonstração de irregularidades.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) aprovou no dia 28 de julho, durante o evento ‘Chamado Raoni’, um estudo para a demarcação de uma nova área indígena de 362.243 hectares.

O documento de Identificação e Delimitação da Terra Indígena (TI) Kapôt Nhĩnore é o primeiro passo para a demarcação do território, que pode causar a desapropriação de 201 propriedades rurais localizadas nos municípios de Santa Cruz do Xingu e Vila Rica, no estado de Mato Grosso, além de São Félix do Xingu, no Pará.

Santa Cruz do Xingu se realizada a nova demarcação será o município mais afetado. Pelo estudo serão 218 mil hectares, cerca de 40% do município.

Impossibilidade do direito pleno aos municípios

Em seu parecer, o juiz Hilton Savio declarou que o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) violou o princípio da publicidade e impossibilitou o exercício pleno do direito para que os municípios e interessados pudessem ter acesso às informações e materiais sobre o processo em questão.

A decisão do magistrado impõe que Ministério dos Povos Indígenas que suspenda o processo administrativo e delimitação da terra indígena Kapôt Nhinore, até a data da apresentação das informações requeridas pela deputada Coronel Fernanda.

A deputada federal mato-grossense frisa que a nova delimitação de terra indígena está gerando um conflito enorme na região, por isso, é necessário transparência no andamento do processo. A parlamentar lembra ainda que processo administrativo da Terra Indígena Kapôt Nhinore (MT/PA) começou em 1996, e ficou suspenso por anos.

“Agora, a Funai define que será homologado e os moradores do local não participaram das discussões e os prefeitos não puderam se manifestar. Todos os envolvidos tinham que ser ouvidos para chegar a um acordo favorável a indígenas e não-indígenas”, ressalta a Coronel Fernanda.

Indícios de irregularidade

A deputada Coronel Fernanda afirma que a Comissão Externa sobre a Delimitação da Terra Indígena Kapôt Nhinore da Câmara dos Deputados, na qual ela assumiu a coordenação, identificou indícios de irregularidade que circundam o procedimento de demarcação da Terra Indígena Kapôt Nhinore.

“São muitos os questionamentos que têm que ser esclarecidos em relação à demarcação proposta pela Funai. Por esse motivo, requeri a instauração da CPI para investigar a fundo esse processo e o silêncio às nossas indagações. A falta de respeito em não nos responder é uma postura que só pode ser considerada por nós como suspeita”, diz a deputada.

Coronel Fernanda afirma ainda que “Não somos contra os indígenas deste país. Somos a favor de que a história seja contada por completo e que a justiça ocorra com verdade e legalidade. Sabemos do jogo de interesse na área e vamos lutar para que a justiça seja feita”.

Mais um entre vários processos questionáveis

O deputado e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), reforça que esse é mais um caso, dentre muitos, de demarcações de terras indígenas cujos processos trazem elementos, no mínimo, questionáveis.

Segundo o líder da bancada, é reflexo da insegurança jurídica no campo, provocada pela derrubada do Marco Temporal de terras indígenas, previsto na Constituição e não aceito pelo STF. “Temos lutado para garantir o direito de propriedade, e faremos isso mais uma vez, na próxima Sessão do Congresso Nacional, em que derrubaremos os vetos do Presidente Lula ao projeto do Marco Temporal, que passou pelo Congresso com maioria absoluta. É a expressão da vontade maior do povo brasileiro”, declara Lupion.

A análise dos vetos apontados pelo Presidente da República está prevista para a próxima Sessão do Congresso, ainda sem data confirmada para ocorrer.


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