COLHEITA COMEÇOU

Gergelim chega a ocupar 100% de áreas de segunda safra em Canarana

Perda da janela e desvalorização do milho estão entre os motivos para a escolha do gergelim em algumas propriedades

A colheita do gergelim em Canarana, região nordeste de Mato Grosso, já começou. Em algumas propriedades o pequeno grão chegou a ocupar 100% da área destinada à segunda safra. O motivo: a expectativa de uma renda mais atrativa que a do milho e a perda da janela ideal do cereal.

Desmotivado pela quebra na safra de soja e desvalorização do milho, o agricultor Murilo Ramos escolheu o gergelim como aposta para a sua segunda safra. Foram destinados para o cultivo do grão 2,4 mil hectares.

“Fizemos um contrato esperando uma média razoável. Mas, as empresas, geralmente, têm disponibilidade para comprar mais caso a gente produza mais, com experiência no mercado de exportação. Então, isso facilitou bastante para nós aqui dessa região”, diz Murilo ao Canal Rural Mato Grosso.

Na propriedade a colheita do gergelim já iniciou e os primeiros resultados estão deixando o agricultor otimista. A estimativa dele é que a produtividade média fique em torno de 650 quilos por hectare.

“Fica dentro do que é razoável para a cultura, que é uma cultura que se adapta melhor a falta de chuva. Eu finalizei o plantio no dia 5 de março. A janela é boa para o plantio do milho, mas por questão do preço do milho e possibilidade de valorização do gergelim, acabou que optamos 100% por gergelim”.

A esperança de bom rendimento financeiro, além de produtivo, também levou o produtor Diego Dall Asta a destinar 100% da sua área de segunda safra para o gergelim. Ele relata para a reportagem do Canal Rural Mato Grosso que chegou a registrar durante o ciclo “um pouco de doença” na lavoura, uma vez que “ficou cerca de 20 dias nublado e chovendo entre fevereiro e março e o gergelim é muito sensível”.

Conforme Diego, na propriedade há talhões que apresentam produtividade de 800 quilos, 900 quilos, assim como de 300 quilos por hectare. A perspectiva é fechar com uma média de 500 quilos por hectare.

“Antes de plantarmos o gergelim, já observamos o mercado e quando vimos que o mercado atingiu um patamar de preço que achávamos aceitável, perante as condições de mercado do milho, fechamos toda a propriedade. Já está comercializada [toda a produção]. Tudo o que vai ser colhido será entregue para as empresas locais para exportação”.

Canarana é considerada a capital do gergelim

Nesta safra 2023/24 Canarana cultivou uma área de aproximadamente 200 mil hectares com o pequeno grão, o que a leva a ser considerada a “capital nacional do gergelim”. Segundo o setor produtivo, hoje mais de dez indústrias de grande porte estão instaladas no município para receber e beneficiar o grão para a exportação.

“Temos empresas com quase 100 funcionários trabalhando só pensando no gergelim o ano todo. Beneficia o produto, armazenam ele, ensacam para exportação. E, ano a ano o gergelim vem crescendo e mostrando o seu potencial aqui em Canarana”, frisa Diego Dall Asta.

O produtor Mateus Goldoni comenta que “a gente está bem escorado em um comércio forte, em uma industrialização pujante e também uma logística forte”. Ele salienta ainda que “hoje o produtor está investindo, se especializando, está procurando sementes mais puras, uma tecnologia melhor, porque está vendo que está dando muito resultado, gerando emprego, gerando mais renda, contribuição e mais movimento para o município”.


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