A tecnologia tem se intensificado no campo, ano a ano, nas principais regiões produtoras de Mato Grosso. Com essa evolução, a preocupação com a falta de mão-de-obra qualificada se torna um desafio que tem causado transtornos e aumento de custos em muitas fazendas.
Com o objetivo de mudar esse cenário, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) adotou uma nova estratégia. A instituição fez uma reciclagem, em parte, dos 500 cursos do portfólio para qualificar de forma mais assertiva o candidato. Este, deverá ganhar horas de aprendizagens intensificadas.
A falta de mão de obra capacitada no campo e as novas estratégias do Senar-MT são temas do Patrulheiro Agro desta semana.
Jorge Schinoca, produtor rural em Jaciara, tem cerca de 30 colaboradores na propriedade, entre funcionários diretos e indiretos.
“Eu tenho umas notas de prestação de serviço que o pessoal fez, só para uma pessoa tem R$ 20 mil de mão de obra em um mês. Falta de mão de obra, não tem, não acha. Eu tenho dois filhos colhendo hoje, um numa fazenda e o outro na outra. E tenho um neto que eu vou buscar no final da tarde da escola para trabalhar amanhã”, frisa Schinoca.
O operador de secador José Elinaldo Ferreira, conta em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, que quando trabalhava em construção e em armazéns, fazia o serviço e voltava para a cidade. Atualmente, fazem 20 anos que ele mora na fazenda.
“Tem 23 anos que eu trabalho na empresa. Já criei filho, já formei filha e estamos aí trabalhando. Me qualifiquei aqui na parte elétrica, então, tem um monte de função que você pode exercer dentro da fazenda se acaso precisar no momento”, afirma.
O diretor financeiro da fazenda de Schinoca, José Domingos de Oliveira. Ele comenta que, inicialmente, iria trabalhar durante seis meses na propriedade e hoje já são oito anos no local.
“Hoje eu tenho um bom conhecimento e melhorou bastante. Para o pessoal trabalhar em uma propriedade dessa do Jorge, tem que ter conhecimento, tem que ter estudo, tem que ter vontade de estudar porque as máquinas são todas informatizadas, todo produto tem que ter conhecimento senão pode fazer coisa errada”.
Para a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), não adianta ter tecnologia se o mercado não sabe quem, de fato, sabe operar as máquinas e aproveitar os resultados.
“Para que o produtor possa ter rendimento no momento da safra, a gente sabe que tem muitos cursos bons, mas o que mais precisamos hoje é justamente o operador de máquina que é o que o nosso estado mais demanda. É uma colheitadeira, é um equipamento de alto valor e que tem que ser mais aproveitado”, explica Fernando Cadore, presidente da Aprosoja-MT.
Senar-MT recicla 500 cursos no portfólio para melhorar mão-de-obra no campo
Para tentar suprir a carência e elevar o nível de capacitação de mão-de-obra no campo, o Senar-MT adotou uma nova estratégia. A instituição fez uma reciclagem, em parte, dos 500 cursos ofertados no portfólio. A meta do órgão de ensino profissionalizante é qualificar de forma assertiva o candidato que também terá horas de aprendizagens intensificadas.
José Luiz Fidelis, superintendente do Senar-MT, disse que estão moldando agora onde, a partir de junho, cinco cursos que antes eram de 30 horas, agora serão de 200 a 300 horas.
“Ele sai de um curso de 30, 40 horas para um curso de 200, 300 horas. Eu acho que a gente está entregando uma mão de obra mais qualificada que vai atender o produtor rural que precisa disso. Os jovens hoje, a gente tem que buscar uma forma mais atrativa para estar levando esse pessoal. Colocar na cabeça deles que é interessante, por causa da questão salarial e principalmente por causa dos maquinários com a tecnologia embarcada que tem, a faixa salarial é muito mais interessante do que certos serviços que ele encontra nas sedes do município”, finaliza.
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