MT SUSTENTÁVEL

Armazéns próprios reduzem custos na colheita e otimizam operações

Estruturas são consideradas também uma ferramenta mercadológica, principalmente em momentos de preços baixos das commodities

A construção de armazéns dentro das propriedades rurais, além oferecer tranquilidade durante a colheita, está sendo considerada uma importante ferramenta mercadológica. Entre as vantagens, segundo os produtores, está a redução de custos de transporte e otimização das operações, em especial na hora da venda da produção.

Localizada entre Rondonópolis e Itiquira, região sudeste de Mato Grosso, a Fazenda Triunfo possui 2,5 mil hectares. Destes, 1,6 mil hectares são destinados para a produção de grãos e outros 900 hectares para a pecuária.

A propriedade foi adquirida em 1974. Em 2016, o casal Márcia e Luciano Rodrigues decidiu assumir o negócio da família. Entre as primeiras grandes decisões tomadas estava a construção de um armazém próprio, que foi inaugurado em 2020.

“Nós tínhamos que contratar caminhões para levar o que colhíamos para o armazém que é 12 quilômetros daqui. Acontecia de muitas vezes dar algum problema no armazém e esses caminhões não voltar e eu colhendo aqui. As colhedeiras enchiam, as bazucas enchiam e eu tinha que parar a minha colheita. Com isso a gente perdia muitos dias de colheita, o que atrapalhava o plantio da nossa safrinha de milho”, conta Márcia ao programa MT Sustentável desta semana.

A produtora frisa que construção do armazém trouxe reduções de custos para a propriedade. Hoje, os resíduos dos grãos são aproveitados para a alimentação do gado e não há mais custo com frete para levar a produção para outros locais, diminuindo os custos operacionais da fazenda.

Conforme Márcia, os custos chegam a ser cinco vezes menores. Tal economia, relata ela, “praticamente paga a parcela anual que a gente paga da construção, do financiamento do armazém”.

O armazém que hoje há na propriedade possui capacidade para 180 mil sacas. A estrutura consegue guardar a safra de soja, mas não a de milho. A alternativa para o cereal, por enquanto, de acordo com Luciano, está sendo o armazenamento em bags. Contudo, uma ampliação da capacidade do armazém já está no radar, principalmente por este também ser uma ferramenta mercadológica.

“Uma coisa é você ter o produto dentro de casa. Você pode ficar tranquilo, especulando o mercado, achando o melhor timing de venda e com isso você tem ganhos fantásticos na média de venda final”, pontua Luciano.

Estruturas também geram empregos

Vitalino Favreto planta 1,6 mil hectares entre áreas próprias e arrendadas na região. A soja colhida na safra 2023/24 foi a primeira a ser guardada no armazém recém construído. Conforme ele, com a implantação do equipamento houve a necessidade de contratar mais pessoas para auxiliar na propriedade.

“Tive que contratar mais três funcionários. Um técnico e mais duas pessoas para ajudar a tocar o armazém. Não tínhamos esse pessoal”.

Sem limite para área

Diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Diego Bertuol, defende que hoje não há um limite mínimo de área que justifique a construção de uma unidade de armazenagem em uma propriedade.

Segundo ele, caso o produtor não possa construir sozinho, o mesmo pode se associar com familiares, amigos e vizinhos, sem o risco de ser penalizado no transporte.

O diretor administrativo da Associação lembra que, antes do decreto do governo de Mato Grosso, o produtor possuia uma cobrança todas as vezes em que enviava o grão de sua fazenda para o armazém.

“Hoje, ele fazendo um cadastro, previamente, consegue mostrar que não se trata de um armazém geral. Então, não há mais essas cobranças de tributos e, principalmente, de multas que aconteciam neste trajeto. O produtor médio e pequeno tem mais essa ferramenta”.

O assessor de segmento agro do Sicredi, Willian Aguiar, destaca que hoje o produtor rural conta com opções acessíveis de linhas de financiamentos. A principal no Brasil é o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Hoje, o produtor precisa de carência e prazo para quando se fala em estrutura de armazenagem dentro da propriedade. A principal linha do Brasil é o PCA, do BNDES, onde as instituições financeiras são repassadoras desse crédito. Ela dá uma cadência de até dois anos e um prazo de até 12 anos para ele pagar”.

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