A presença de ratos nas lavouras de milho na região médio-norte de Mato Grosso está causando perdas superiores a 30% nos estandes das plantas. Para escapar dos predadores, como as corujas e os gaviões, os roedores buscam abrigo em esconderijos nas áreas mais afastadas das margens da plantação.
O prejuízo causado pelos roedores nas lavouras é o tema do Patrulheiro Agro desta semana.
Em Nova Mutum, o consultor agronômico Cledson Guimarães, explica que os roedores já tinham aparecido nas lavouras de soja, comendo as vagens, mas que o ataque amplificou nas lavouras de milho.
“Tem vários buracos. O rato tem na biologia dele uma praga que dissemina muito rápido sua população. Aumenta muito, cresce demais. Então, de um ano para o outro, você pode ter cem animais e no outro 20 mil. É complicado”, afirma Cledson.
O consultor estima perdas de mais de 30% em uma área de 2,8 mil hectares de milho cultivados.
“Ao meu ver o que contribui com isso é que choveu no começo de janeiro, deu uns 10 dias e agora teve uma semana em fevereiro que voltou a chover. As locas, as casinhas deles estão secas. Então, isso não abalou eles. Não tiveram que sair daqui para ir para outros lugares para fazer casa e eu acredito que é por isso que esse ano nós estamos vendo muito ataque em lavouras”, afirmou.
O roedor tem hábitos noturnos. Ele faz uma perfuração no solo para chegar até a raiz da planta para se alimentar da semente do milho, prejudicando estandes de plantas, e deixa um rastro significativo de perdas por onde passa.
O engenheiro agrônomo, Naildo Lopes conta que algumas áreas estão com estandes reduzidos em até 50%.
“Uma redução de estande já gera prejuízo ao produtor. Os danos causados, não vão propiciar uma produção suficiente para cobrir o custo de produção. A nossa preocupação é achar um caminho para superar esse problema”, diz.
Na propriedade do agricultor Renan Favretto foram cultivados cerca de quatro mil hectares de milho nesta temporada.
“Perto das tocas maiores a gente consegue ver reboleiras de até seis metros quadrados sem nenhum pé. Na linha você vê duas plantas comidas. O rato vê a planta saindo, vê que o grão está ali, que o milho está ali e aí ele faz o buraco e cava para arrancar o grão. Nessa fase é pior, porque não tem raiz. Então acaba que a planta vem junto, tomba e morre. Aqui já são 350 hectares que sabemos que está bem feio”, comenta.
Segundo o chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Soja, de Londrina, Adeney de Freitas Bueno, isso tem ocorrido porque tem se perdido muitas espigas na colheita de milho e isso atrai os roedores.
“A principal medida fitossanitária que a gente precisa tomar, para evitar que esse problema cresça, colhendo bem o milho, é evitando que essas espigas fiquem no solo. Assim não vai ter o atrativo para o rato, e com isso esse problema vai ser reduzido”, frisa o pesquisador.
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