A demanda pela adesão de tecnologia ainda é latente dentro das propriedades rurais de Mato Grosso. Pensando em resolver um dos grandes gargalos no campo, o projeto Algodão MT Conectado, realizado pela startup Sol RZK e pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), já possui 56 torres prontas e desse total, 19 torres já estão em funcionamento com sinal 4G, cobrindo, aproximadamente, 380 mil hectares.
O projeto, iniciado em 2023, vai levantar, ao todo, 123 torres no estado para cobrir cerca de 2,4 milhão de hectares plantados com algodão.
A ideia é levar internet de qualidade, inteligência de dados e inclusão digital para o campo, contribuindo para o avanço da produção da cultura no estado. Além de permitir um monitoramento em tempo real das lavouras e garantir uma visão detalhada das condições do campo.
O estado, considerado um dos maiores produtores de algodão do país, sendo responsável por cerca de 60% da produção, tem uma extensão territorial muito grande e para trazer mais acessibilidade nesse momento, uma estrutura de rede pública e robusta foi pensada.
Conforme a diretora comercial da Sol RZK, Sônia Proença, em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, a estratégia de negócio é levar um modelo que proporcione um rateio entre os polos vizinhos e que tenha um modelo flexível e aderente a cada tamanho de produtor.
“Foi por isso que a Ampa conseguiu ajeitar conosco uma parceria para trazer o produtor de algodão dentro dessa estrutura. A safra de algodão vem aumentando e a gente fechou a conta na safra de 2021/22 para analisar todo o mapa do algodão e posicionar as torres com a inteção de fazer essa cobertura, baseada no ecossistema”, explica Sônia.
Rateio de internet entre vizinhos
Dentro da estrutura de negócio do projeto, o produtor para não ser impactado sozinho pode fazer o investimento e dividir (ratear) com seu vizinho.
Nesse sentido, foi desenhado com a Ampa uma possibilidade que seja factível realizar uma divisão onde cada agricultor, paga de acordo com a sua área. “Se eu tenho mil hectares eu pago referente aos meus mil hectares, se eu tenho 20 mil hectares eu pago referente a ele. E isso fica equilibrado e justo”.
Esse modelo, de acordo com a diretora comercial da empresa de tecnologia, beneficia também as áreas de soja e milho. Isso porque não existe um limite físico da conectividade e, os produtos acabam sendo os mesmos.
“Junto com a iniciativa na conectividade, tem também um trabalho que a gente está desenvolvendo com os produtores de algodão que é para adesão de tecnologia. Então, nós construímos um mapa de informações do clima das áreas do algodão do estado para fornecer a todos os associados da Ampa”, diz Sônia.
Gargalos enfrentados no campo
A cada etapa, uma dificuldade para ser enfrentada, é encontrada dentro das propriedades. Sônia conta ao Canal Rural Mato Grosso que o primeiro a ser identificado pela equipe foi com relação a definição do local das torres.
“Quando eu falo pro produtor que eu preciso de 2,5 mil metros quadrados da fazenda dele para colocar uma torre… É capaz dele me ‘enxotar’ de lá, né?”, conta.
Alocar equipamentos em áreas que são produtivas foi a primeira dificuldade. A segunda foi o impacto com relação a documentação e licenciamento da propriedade.
“É importante a gente falar disso porque não é um projeto simples de viabilizar. Por isso que ele é longo. Então, a documentação e o licenciamento das atualizações pro produtor a tecnologia, ainda é muito subjetiva. Eles sabem que precisam, sabem que é importante, mas ainda não conseguem mensurar de uma maneira palpável, a diferença financeira que aquilo vai trazer para ele”, pontua.
2,4 milhão de hectares conectados até 2025
A startup pretende consolidar o projeto, junto com a Ampa, para que novas safras de algodão sejam avaliadas ampliando as áreas de cobertura. Isso com uma nova estratégia, uma nova etapa que acaba sendo a composição dessa iniciativa com a entidade e também com a John Deere e Áster Máquinas.
“Começamos a assinar o contrato e concluímos a parte burocrática entre a Sol RZK e Ampa no final de 2023. Iniciamos as atividades dos contatos com os produtores agora em 2024. A gente espera até o primeiro semestre de 2025, estar com tudo conectado nos 2,4 milhão de hectares de áreas plantadas”, confirma Sônia.
Relevância do projeto para Ampa
Alexandre Carvalho é consultor em tecnologia da Ampa e percebe a relevância do projeto, principalmente, para conectar os maquinários com a 4G no campo.
“Hoje as máquinas têm uma tecnologia embarcada muito grande. Você consegue ter todo o trabalho efetuado por elas em tempo real, caso você tenha conectividade. Então, o pessoal tem conversado bastante com a gente sobre essa importância de conectar os maquinários”, ressalta.
Ainda existem outros itens relevantes e necessários para o agronegócio, tanto no monitoramento de controles da lavoura como, o próprio trabalho offline.
Alexandre destaca, ao Canal Rural Mato Grosso, que tendo toda essa comunicação entre máquinas, trabalho offline e produtor, o acompanhamento das sedes das matrizes, em tempo real traz ganho de performance.
“Você pode ter acompanhamentos online e podendo corrigir certas atividades em tempo real. Caso esteja acontecendo algum problema ali em uma operação específica. Existem sistemas que podem estar monitorando e identificando essas anomalias e comunicando os responsáveis. Esse é um reflexo enorme para o ecossistema”, finaliza.
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