“O Brasil, por ser mais competitivo, pode roubar participação de mercado de outros países. Nós produzimos o dobro do que os americanos produzem por área. Isso vai permitir que o Brasil continue avançando”. A análise é do PhD Marcos Fava Neves, durante o 17º Encontro Técnico de Algodão, realizado em Cuiabá, pela Fundação Mato Grosso na última semana.
O evento reuniu 480 inscritos de 73 cidades, de 12 estados e do Distrito Federal. Foram três dias de debates sobre tendências, desafios e oportunidades da cotonicultura brasileira, com a participação ativa de produtores, consultores e pesquisadores.
Na avaliação de Fava Neves, o Brasil tem condições de avançar no mercado internacional, mas enfrenta concorrência de países asiáticos. “Nós temos uma dificuldade grande de competir com as condições dos países asiáticos. Muitas vezes, a gente sabe que eles não adotam o mesmo rigor trabalhista que o Brasil tem, o mesmo rigor ambiental. Eles também são competitivos, nós temos que reconhecer isso!”, afirmou.
Para o especialista, a saída está em valorizar a qualidade da fibra produzida no país e comunicar sua história. “Eu acho que o caminho que nós temos que seguir é um esforço muito grande de diferenciação e contar a história do produto que é feito aqui no Brasil, com isso buscar esse segmento de consumidores mais premium, que tem condições de pagar e vai se orgulhar de usar uma roupa feita no Brasil”, completou.
O engenheiro agrônomo e produtor rural de Campo Verde, Alexandre Schenkel, reforçou que a cotonicultura só terá futuro se mantiver a busca por melhorias.
“Se nós nos acomodarmos, deixarmos de buscar soluções para os nossos problemas ou melhorias, ou até mesmo, deixarmos de mostrar alguns resultados, a gente vai entrar em decadência. Isso faz com que a gente perca produtividade, eficiência. O que pode levar à extinção da cultura, como aconteceu em alguns países”, disse Schenkel, que também preside o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
Importância da atualização técnica
A cada safra, a necessidade de atualização é reforçada no campo. Para o vice-presidente do Grupo Itaquerê, Édio Brunetta, encontros como o da Fundação Mato Grosso são essenciais para identificar gargalos e ampliar a produtividade.
“As informações adquiridas aqui são importantes tanto para os produtores quanto para os profissionais que atuam na área. Nós precisamos disso! Tem muita gente nova, e não só é preciso reciclar o conhecimento técnico e sobre as novidades, materiais e tecnologias, mas também precisamos desse encontro entre produtores”, destacou.
Com mais de 30 anos de experiência em Mato Grosso, o engenheiro agrônomo e consultor técnico Nery Ribas acompanhou todas as edições do Encontro Técnico e elogiou sua evolução. “Todo Encontro Técnico da Fundação MT é muito bem planejado e dentro de uma ótica que traga resultado aos produtores e aos profissionais que participam, ajudando-os em suas tomadas de decisão”, afirmou.
O Head Corporativo e Comercial da Fundação Mato Grosso, Flávio Garcia, ressaltou a inovação dos painéis e o protagonismo dos produtores. “Ninguém melhor para compartilhar as rotinas conosco do que os próprios produtores. Esse comprometimento e engajamento começa no produtor, mas também vêm de todos os profissionais que fazem parte do time, dentro das propriedades”.
No encerramento, Fava Neves comparou os três dias de programação a um curso intensivo. “Tenho certeza de que as pessoas que vieram e ficaram aqui trabalhando, estudando, conversando com outros, vão voltar muito melhores. O que acontece aqui é quase como se fosse um MBA intensivo na questão da produção de algodão, da competitividade, das inovações, para que as pessoas possam replicar isso”.
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