Produtores rurais mato-grossenses afirmam não concordar com a proposta polêmica de confisco e perda da área a quem praticar desmatamento ilegal no estado e no Brasil feita pelo governador Mauro Mendes. Em resposta ao setor produtivo o gestor do estado diz que a pressão internacional sobre as questões ambientais está aumentando e se não houver mudanças o prejuízo será maior.
Medida “ousada” foi proposta pelo governador de Mato Grosso durante reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27), em Sharm El Sheik, no Egito, na terça-feira (15).
Após Mendes anunciar a proposta feita ao presidente do Senado, a Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) fez críticas às falas do governador.
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Em resposta aos produtores do estado, o chefe do Executivo afirmou entender que as pessoas se assuntam num primeiro momento com a proposta, por ela ser uma ideia nova e causar certa apreensão.
Entretanto, Mendes pontuou que a Europa já está aprovando regulamentos que vão proibir empresas de adquirirem qualquer produto no Brasil ou florestas tropicais que venham de área de desmatamento.
“A reação internacional por essa pressão ambiental está aumentando. E, vai chegar a um ponto que muito provavelmente vão conseguir impor isso ao Brasil”, explicou o governador a classe produtiva.
Na sexta-feira (18), o presidente eleito para o triênio 2023/2025 da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Vilmondes Tomain, classificou como infeliz a fala do governador Mauro Mendes quanto a questão de tirar o direito de propriedade de terra.
“Não concordo. Nós vamos buscar uma fala com o próprio governador para ajustar essa conduta, porque não é dessa forma que a gente pacifica a área rural. Os produtores rurais tem que ter estabilidade, garantias. Não é assim que funcionam as coisas dentro dos poderes constituídos”, disse Tomain logo após ser eleito presidente da Famato.
Embargos na soja e carne são principais prejuízos
De acordo com o chefe do Executivo mato-grossense, em quatro anos foram gastos cerca de R$ 180 milhões para combater o desmatamento ilegal e mais de R$ 9 bilhões em multas.
“Está resolvendo? Não está resolvendo. A forma de atacar este problema com os mecanismos que nós temos hoje não está resolvendo. E, o problema está trazendo graves consequências para todos nós. Vai ter embargo. Vai ter restrição na carne, na soja, no milho, nos produtos do agro para o brasileiro. Nós temos que mudar a nossa trajetória. E falar de aumentar multa não vai adiantar”.
Brasil e Mato Grosso não podem ser prejudicados por 1%
Conforme Mauro Mendes, tanto Mato Grosso como o Brasil não podem ser prejudicados por aqueles que praticam o desmatamento ilegal.
“Quem pratica esse crime em Mato Grosso é 1%. Se 99% faz a coisa correta, olha prejuízo que esses 1% estão dando à imagem do Brasil, do Mato Grosso, do agro. O dano ambiental. Ou o Brasil, ou nós somos capazes de tomar decisões para mudar isso rapidamente ou rapidamente o mundo vai impor e aí o prejuízo será maior”.
Proposta de Mauro Mendes será levada ao Congresso
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou durante a reunião com o governador Mauro Mendes que levará a proposta para debate no Congresso Nacional.
“Essa é uma proposta que teremos que debater no Congresso e acredito que deve estar aliada ao fortalecimento dos programas de regularização fundiária”.
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