Os desdobramentos da Guerra Comercial dos Estados Unidos com elevações nas tarifas para diversos países marcaram a semana, principalmente em relação à China. Conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), há grande preocupação em torno da situação sobre os possíveis impactos na economia mundial e no trade global do algodão e demais produtos.
Apesar disso, a entidade frisa que alguns países e empresas já visualizam oportunidades que podem surgir com os ajustes que estão em andamento no mercado.
As informações constam no Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa desta sexta-feira (4).
Confira os destaques trazidos pelo Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa:
Algodão em NY 1 – Depois de caírem para a casa dos U$c/lp 60 no auge do “tarifaço” na última sexta, as cotações se recuperaram com a “trégua” de 90 dias anunciada pelos EUA, exceto para a China.
Algodão em NY 2 – O contrato Jul/25 fechou nesta quinta 11/abr cotado a 67,00 U$c/lp (+2,0% vs. 03/abr). O contrato Dez/25 fechou em 68,28 U$c/lp (+1,1% vs. 03/abr).
Basis Ásia – Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia: 987 pts para embarque Abr/Mai-25 (Middling 1-1/8″ (31-3-36), fonte Cotlook 11/abr/25).
Altistas 1 – Na quarta (9), o presidente dos EUA, Donald Trump recuou e suspendeu por 90 dias as tarifas extras de países que não retaliaram, limitando a 10% as tarifas recíprocas adicionais a estes países. Os mercados reagiram.
Altistas 2 – Refletindo confiança nas medidas que estão sendo tomadas pelo Governo Chinês para estimular o consumo interno e amenizar os impactos da guerra comercial, as bolsas da segunda maior economia do mundo mostram resiliência.
Altistas 3 – Muitas negociações estão em andamento neste momento e acordos comerciais podem mudar rapidamente o ânimo dos mercados.
Baixistas 1 – Em termos de fundamentos de algodão, o relatório de oferta e demanda global do USDA deste mês foi levemente baixista, mostrando novo enfraquecimento da demanda, das exportações e aumento de estoques.
Baixistas 2 – Os preços do maior concorrente do algodão (poliéster) caíram bastante esta semana (-5,8%). A China é o maior produtor e exportador de poliéster do mundo (70%).
Baixistas 3 – A Casa Branca esclareceu ontem que a atual tarifa adicional para produtos chineses nos EUA é 145%, sendo 125% anunciados 9/Abril mais os 20% anunciados em Fevereiro.
Baixistas 4 – No capítulo de hoje (11/4) da guerra comercial, a China aumentou de 84% para 125% a tarifa de importação para os EUA, chamou as medidas de Trump de “piada” e sinalizou que não pretende mais retaliar via tarifas.
Baixistas 5 – Nos EUA, maior mercado consumidor do mundo, o setor de vestuário será o mais impactado pelo aumento de preços com as novas tarifas – o que tender a reduzir a demanda em curto prazo.
EUA – Até 7/04, o plantio de algodão atingiu 4% da área prevista (-1% em relação a 2024 e -2% frente à média dos últimos cinco anos). No Texas, maior produtor, o índice foi de 6%, contra a média histórica de 10%.
China 1 – No último ano, a China exportou em torno de 900 mil tons de algodão para os EUA na forma de roupas e artigos têxteis. 100% desses produtos são feitos com algodão importado, já que desde 2021 a pluma chinesa é proibida nos Estados Unidos.
China 2 – Assim, se persistirem estas tarifas, as importações chinesas de algodão devem reduzir substancialmente nos próximos meses.
Bangladesh – Neste ano comercial 2024/25, o Brasil se consolida como principal fornecedor de algodão para a indústria têxtil bengalesa, respondendo por 20% do mercado de importação.
Austrália 1 – Convidada pela China a se unir contra as tarifas dos EUA, a Austrália manteve-se neutra. O governo australiano quer negociar as tarifas norte-americanas, mas considera importante também se manter independente da China.
Austrália 2 – Essa postura aumenta o risco de que a China volte a boicotar produtos australianos, como fez de 2020 a 2023. Um dos produtos afetados pelo boicote foi o algodão.
Microplásticos 1 – Na semana passada, simulação feita por inteligência artificial pela ong Business Waste mostrou como o corpo humano é afetado por diferentes graus de exposição a microplásticos. Tecidos sintéticos são uma das principais fontes de microplásticos. Confira: https://bit.ly/microplasticos250411b
Microplásticos 2 – A cada ano, cerca de 8,3 milhões tons são lançadas ao ambiente pela indústria da moda em todo o mundo, graças ao crescente uso de fibras artificiais. É um volume correspondente ao peso de 7.261 estátuas do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
Microplásticos 3 – Esse alerta vem sendo feito pela Cotton Incorporated. Confira estudo sobre o tema aqui (em inglês): https://bit.ly/microplasticos250411a.
Pegada hídrica Mundo – Estudo divulgado em março pelo ICAC apontou que, em média, o algodão precisa de 2.346 litros de água de irrigação para produzir 1kg de pluma. A informação combate fake news sobre o impacto hídrico do algodão.
Pegada hídrica Brasil – No Brasil, segundo o estudo, os números são ainda menores. Como somente 9% da área de algodão é irrigada, no país a cultura precisa de somente 64 litros de água de irrigação por kg de pluma (3% da média mundial): https://bit.ly/microplasticos250411c
Brasil – Safra 2024/25 – Em seu último relatório de safra, a Conab ampliou em +6,9% a área de algodão, para 2,079 milhões ha. A produção foi estimada em 3.890,8 mil tons ( +5,1% ante o realizado em 2023/24).
Brasil – Exportações – As exportações brasileiras de algodão somaram 45,0 mil tons na primeira semana de abril. A média diária de embarque é 2,6% superior que a registrada no mesmo mês de 2024.
Preços do Algodão – Consulte tabela abaixo:
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