A lei antidesmatamento europeia é uma das grandes preocupações do setor produtivo mato-grossense e brasileiro, que pode implicar em aumento de custos, principalmente, no que tange a logística. A legislação foi um dos pontos de debate da missão realizada pela Aprosoja Mato Grosso pela Europa em 2024 e, de acordo com o presidente da entidade, Lucas Costa Beber, as reações recentes da França contra o Brasil deixam cada vez mais nítido que se trata de “protecionismo econômico”.
“Nos preocupa aqui no Brasil, porque se formos atender os requisitos dela, para começar o custo é muito alto e teríamos que ter uma logística a parte. Isso desde armazém, transporte e também nos portos”, pontua o presidente da Aprosoja Mato Grosso em entrevista ao programa Direto ao Ponto desta quinta-feira (12).
A lei antidesmatamento europeia proíbe a compra de produtos agrícolas e pecuário de áreas desmatadas, mesmo que legalmente, a partir de 2020, se assemelhando a moratória da soja, com o diferencial que esta última a proibição é a partir de 2008.
“Nós fomos levar a nossa sustentabilidade. O que de fato nós fazemos. Levamos também os nossos projetos, como o Guardião das Águas, que monitora mais de 105 mil nascentes no estado, e o Soja Legal, nosso projeto de certificação dos produtores. Então, nós fomos vender o que já temos de bom”, diz Lucas Costa Beber.
Na avaliação do presidente da Aprosoja Mato Grosso, apesar de o Brasil possui a legislação ambiental mais rigorosa do mundo, preservar mais de 66% de seu território e ter apenas 7,8% da sua área destinada para a agricultura, o fato para a Europa “não acreditar” em tudo o que se apresenta se deve ao fato de que “há muitos anos nós deixamos as ONGs falarem por nós”.
“Então venderam uma imagem distorcida do Brasil e por outro lado os produtores de lá, muito oportunistas e inteligentes, aproveitaram esse discurso para fazer um protecionismo, uma barreira econômica para nós”.
Lucas Costa Beber, em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, salienta ainda que “essa lei nada mais é do que, protecionismo econômico e eles vão se aproveitar disso”. Ele pontua ainda que “o produtor francês deixa claro isso, as declarações do Carrefour e também o deputado francês. Ficou mais nítido nos últimos dias”.
Congresso Nacional mais atuante
De acordo com o presidente da Aprosoja Mato Grosso, o Brasil precisa de um Congresso Nacional mais atuante, de posição mais “forte”.
“Nós temos que ter medidas retaliatórias, é claro que dentro da legalidade. Antes de ficarmos pensando em fazer carta de resposta ao Carrefour, nós temos que ter medidas concretas nesse sentido”, frisa ao Canal Rural Mato Grosso,
Outro ponto de preocupação do setor produtivo, segundo ele, e que necessita de um Congresso Nacional atuante é quanto a COP30, que em 2025 será realizada no Brasil.
“Não podemos permitir que o Brasil seja vendido. Temos que fazer uma boa comunicação com a sociedade mostrando dados de sustentabilidade e o Congresso Nacional precisa assumir o protagonismo, diante de um Ministério do Meio Ambiente que tem trabalhado contra o nosso setor. O trabalho para a COP30 será muito importante antes que ela ocorra e não durante, porque aí já será tarde”.
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