A primeira usina de etanol de milho do Araguaia mato-grossense foi aprovada na última semana na linha de financiamento “Fundo Clima”, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O crédito aprovado é de aproximadamente R$ 500 milhões. A indústria, que terá capacidade de produção de 222 milhões de litros de etanol a partir do cereal, possui inauguração prevista para o segundo semestre de 2025.
A Alvorada Bioenergia, localizada em Canarana, irá produzir, além do etanol, farelos (DDG e DDGS) e óleo de milho a partir do cereal produzido por produtores da região leste do estado. A energia gerada no processo industrial será usada na operação da planta.
A aprovação da linha de financiamento “Fundo Clima”, que faz parte da Política Nacional sobre Mudança do Clima, do governo federal, e é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, é considerada um passo importante pela empresa.
O fundo tem como objetivo fomentar empreendimentos que ajudam a mitigar as mudanças climáticas, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa, por exemplo.
O crédito aprovado para a biorrefinaria, de cerca de R$ 500 milhões, compõe o valor total de R$ 670 milhões de investimento total.
“Nosso projeto obteve valor máximo na pontuação do financiamento. Isso mostra que, além da solidez financeira da empresa, estamos no caminho certo ao investirmos na energia renovável, contribuindo para a política de descarbonização do Brasil”, observa Leandro Wendt, CFO da Agrícola Alvorada – empresa responsável pelo empreendimento.
As obras da usina de etanol de milho tiveram início em 2024. Conforme a indústria, o seu formato de negócio ajuda a explicar o aval do BNDES, visto verticalizar uma commodity já disponível na região para a geração de energia renovável.
Biorrefinaria deverá movimentar a economia local
Na safra 2023/24, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a região do Araguaia foi responsável por 29% da produção de milho no estado, ou seja, cerca de 13,74 milhões de toneladas dentro de uma produção total no estado de 47,17 milhões de toneladas.
A perspectiva com o início das operações da usina no próximo ano é de um aquecimento da economia local, em especial no que tange a atividade de cria e recria de animais, uma vez que o farelo de milho (DDG/DDGs) é uma opção altamente nutritiva e mais acessível para a dieta animal de bovinos, suínos, aves e peixes.
“A fábrica de etanol de milho será um marco tanto para a nossa empresa quanto para o Vale do Araguaia, que ganhará uma nova referência em produção de energia renovável”, afirma Jarbas Weis, CEO da Alvorada Bioenergia.
A estimativa é de que a Alvorada Bioenergia gere 300 empregos diretos e indiretos. Durante as obras, cerca de 1.500 postos de trabalho diretos e mais de três mil indiretos estão sendo criados.
De acordo com a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), o Brasil é hoje o segundo maior produtor de etanol de milho do mundo. Em sete anos (de 2017 a 2024), a produção passou de 500 mil litros para 6,27 bilhões de litros. Das 22 biorrefinarias em operação, 11 estão no estado de Mato Grosso.
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