Em uma safra “normal” a irrigação pode contribuir para ganhos de aproximadamente 30% na produção. Já em anos atípicos, de extrema seca como observado na temporada 2024/25, a estratégia pode garantir uma produção cerca de 40% superior do que uma área convencional.
Dos sete mil hectares destinados à agricultura na Fazenda Rio Verde, em Sorriso (MT), 1,5 mil são irrigados. No total 12 conjuntos de pivôs permitem a propriedade do Grupo Flora Agronegócio aproveitar a janela de plantio, independente da chuva.
A última chuva vista no local, conforme os registros, foi no dia 28 de abril.
Por lá, o plantio da temporada 2024/25 de soja já começou. E, segundo o gerente Tiago Borges, em entrevista ao MT Sustentável desta semana, os trabalhos seguem de forma cautelosa, mesmo sendo em área de irrigação.
“Não estamos a todo vapor. Estamos mantendo um ritmo desacelerado e constante para fechar a área irrigada. Dentro da janela, um plantio mais escalonado, embora sendo somente na área irrigada. Até para manter o fluxo da colheita depois”.
Além da soja, a fazenda também produz sementes de milho. Parte da área irrigada, inclusive, é destinada para esse fim.
Em um talhão, com 180 hectares, os pés de milho já estão com 50 dias. Um verdadeiro círculo verde que se destaca em meio a paisagem ainda seca.
Água na medida certa garante produtividade
Os talhões de soja semeados nas últimas duas semanas começam a mudar a coloração do solo com a germinação das plantas. Com água na medida certa, o processo se desenvolve sem preocupações com veranicos ou estiagens, conforme Tiago.
Ele conta ainda ao programa do Canal Rural Mato Grosso que o ganho em produtividade é outra vantagem da irrigação.
“Correlacionando uma safra normal, podemos confirmar em torno de 30% de produção a mais. A safra passada, um ano atípico, uma safra bem atípica, extremamente seca, o oposto do que tivemos na safra 2021/22, nós tivemos um incremento, uma garantia de produção de 42% a mais do que na área convencional. O que nós conseguimos fazer mediante as precipitações é garantir a umidade da cultura no decorrer do ciclo e manter o potencial produtivo dela”.
Menos de 2% da área é irrigada
A previsão para a safra desde ano em Mato Grosso é de que sejam semeados 12,6 milhões de hectares, de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Desse total, apenas 205 mil hectares são irrigados. Em percentuais, menos de 2% da área.
Para Hugo Garcia, presidente da Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir-MT), aumentar a área irrigada no estado depende de três fatores.
“Uma delas seria a outorga. A liberação de outorgas é mais rápida para o estado de Mato Grosso. A questão da energia. Nós estamos com um problema muito sério de falta de energia no estado e disponibilidade. E, a questão de financiamento para a compra desses equipamentos”, elenca Hugo ao MT Sustentável.
A irrigação, no entendimento do presidente da Aprofir, deve ser usada como estratégia, não só para aumentar, mas para garantir a produção de alimentos, principalmente em pequenas propriedades rurais.
“Uma área irrigada produz mais que uma área de sequeiro. Você tem a oportunidade de ter uma terceira safra. Acredito que a irrigação para a agricultura familiar também é um futuro, onde pode produzir produtos com alto valor agregado, que nem a fruticultura. Pode melhorar para essa classe, a agricultura familiar, a ter uma arrecadação de recursos maior. Então, a irrigação veio para melhorar. Ela com certeza vai aumentar a produção de alimentos no mundo, que com certeza nós vamos precisar muito esse aumento para os próximos anos”.
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