PATRULHEIRO AGRO

EUA registra seca e queda de preços no final de ciclo dos grãos

Safra nos Estados Unidos começou com excesso de chuva e agora algumas regiões enfrentam seca, aumentando a preocupação dos produtores

Após um começo de safra com excesso de chuva, os Estados Unidos enfrentam agora dificuldades com a seca. A apreensão ocorre, principalmente, em áreas que sofreram atrasos na semeadura e neste momento estão em fase de enchimento de grãos, o que pode ocasionar perdas de produtividade. Cenário que está tirando o sono de muita gente dentro da maior região produtora de grãos do país, além da desvalorização causada pela estimativa de super oferta.

Stuart Neidlinger cultivou nesta temporada 800 hectares de milho e 750 hectares de soja em sua propriedade no Condado de Marshall, em Indiana.

Ele conta ao programa Patrulheiro Agro desta semana que durante a primavera norte-americana choveu muito e que, devido a isso, muitas áreas foram plantadas mais tarde.

“Normalmente plantamos em duas ou três semanas, mas esse ano atrasou e levamos seis semanas para plantar tudo. Tivemos muita chuva no início, o que geralmente faz com que o nosso rendimento caia um pouco. Em vez de esperar qual a realidade da safra, estão sempre lançando projeção com antecedência e nem sempre precisa. Acho que isso prejudica um pouco o mercado”, diz Stuart.

Excesso de chuvas entre abril e junho

O atraso da semeadura da soja nos Estados Unidos ocorreu diante do excesso de chuvas entre o final de abril e junho, conforme o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira.

“Deslocou o calendário fotossintético. Existem relatos de lixiviação, os lençóis freáticos na região do cinturão agrícola são lençóis muito elevados. Qualquer chuva já coloca os talhões em capacidade de campo, o que faz realmente criar lixiviação nutricional. Então, vemos algumas potencialidades que vem limitando o crescimento da produtividade. É uma safra cheia, uma safra regular, mas não é uma safra extraordinária a nível nacional”, pontua Matheus ao Patrulheiro Agro.

Jared Samblant é produtor de soja e milho em Minnesota. Ele conta que esse ano as lavouras estão um pouco irregulares, principalmente as de milho.

“A soja está bem melhor eu diria. está na média das últimas três ou quatro safras. O que é surpreendente levando em conta com uma primavera de muita chuva. Estamos um pouco atrasados, mas esperamos números muito bons quando colocarmos a colheitadeira para colher”.

O produtor Grant Baffert também teve dificuldades com a umidade excessiva no começo da safra. Contudo, hoje ele registra problemas com a seca, uma vez que em junho e julho veio a estiagem.

“Ainda assim, tanto a soja quanto o milho vão atingir números médios, nas mesmas médias das últimas safras. Vamos começar a colher daqui duas ou três semanas e estamos começando a trabalhar agora o milho para silagem com uma colheita pelo menos na média das últimas safras”.

Ao relembrar o início da temporada, Grant conta que no começo chegou a registrar inundações. “Agora, com uma estiagem muito severa, tivemos nas últimas semanas algo próximo de 10 milímetros. Melhorou um pouquinho. Para se ter uma ideia, na época da chuva pesada de inundação, teve uma semana com 300 milímetros de chuvas”.

EUA deve produzir 124,8 mi/t de soja

Dados mais recentes divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que nesta safra o país deve produzir 4,586 bilhões de bushels, o equivalente a 124,8 milhões de toneladas, e registrar uma produtividade média em torno de 53,2 bushels por acre.

De acordo com o diretor sênior de Desenvolvimento de Mercado da Associação de Soja de Iowa, Brandt Kimberly, a estimativa é de uma safra quase recorde, podendo ser a terceira maior safra da história.

“Mas, ainda temos muitas estações em crescimento. Vai depender muito de como vamos terminar o resto da temporada. Se teremos chuvas oportunas nos momentos certos, se precisaremos evitar uma geada precoce, que é outro fator de risco para a produção”.

Ainda segundo Brandt, outro desafio do setor produtivo “é que quando Brasil, Argentina e Estados Unidos têm boas safras no mesmo ano, a tendência é termos preços baixos e podemos ver estes preços baixos por um tempo”.

O diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, lembra que o “produtor rural é igual em todo o planeta” e que as variações de preços interferem no bolso de qualquer produtor que trabalhe com mercados globalizados com commodities.

Seca no Mississipi também preocupa

Outra preocupação do setor produtivo norte-americano, diante de uma possível safra histórica, é quanto a logística. O rio Mississipi, responsável por 60% do escoamento da produção no país, enfrenta problemas de navegação.

“O Mississipi está passando por níveis fluviais muito baixos. Desde o ano passado o leito do rio não se recuperou. O ano passado foi a segunda maior seca dos Estados Unidos de toda a história e desde o ano passado tenta-se recuperar esses níveis fluviais, essas zonas de escoamentos via barcaças”, pontua Matheus Pereira.

+Confira todos os episódios da série Patrulheiro Agro


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