Mudas de árvores frutíferas e nativas estão sendo plantadas em “consórcio” as produções de batatas, abacaxis, mandiocas, bananas e outras culturas em Mato Grosso. A ação faz parte de um projeto do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), que tem como objetivo incentivar a produção em sistema agroflorestal.
O projeto em questão trata-se do Paisagens Sustentáveis e Inteligentes para o Clima, que conta com a parceria da Plataforma Produzindo Certo e Proforest, associação global sem fins lucrativos, que apoia a agricultura sustentável. Os recursos vêm de um fundo internacional Land Innovation Fund criado para financiar projetos que colaborem com a diminuição do desmatamento.
Fuzileiro naval, que já cumpriu missões até mesmo na Antártica, o pesquisador e produtor Aldo Marcos Batista de Tangará da Serra foi selecionado recentemente para fazer parte do projeto. A propriedade, na região centro-sul do estado, possui 15 hectares e por lá as mudas de árvores frutíferas e nativas recebidas foram plantadas em consórcio com batatas.
“A gente está em caráter de pesquisa. Estamos avaliando. Vamos ver o resultado disso aí. Até quando poderemos plantar essa batata, até quando as raízes dessas cultivares vão nos deixar passar com o trator”, comenta Aldo ao MT Sustentável desta semana, enquanto aguarda a data da missão para o qual já foi convocado para o final deste ano.
Conforme ele, o IPAM já forneceu o adubo, cultivares e as espécies nativas para serem plantadas. “Então, isso acaba ajudando a gente também”.
Vizinho de Aldo, o produtor Arvitor Amaro de Medeiros já faz parte do projeto. São seis hectares onde ele planta abacaxi, mandioca, banana, entre outras culturas. Toda a produção é comercializada num programa de merenda escolar da prefeitura local. Agora o pomar recebeu reforço de outras variedades frutíferas.
Arvitor conta ao Canal Rural Mato Grosso que foram 15 mudas de acerola, 15 de cupuaçu, além de outras 15 mudas de pequi e cítricas.
“Aqui eles dão assistência, vê como está, o que está faltando. Então é bom, porque estão orientando”.
Na propriedade ainda serão plantadas mudas para restaurar a vegetação nativa. Uma característica que chama a atenção nela é que a plantação fica escondida em meio ao capim. O que, segundo Arvitor, é proposital.
“Dá resultado! Porque? A terra vai ficar mais macia. Quando chover não ficará dura, aquele chão batido. Eu gosto de trabalhar desta forma”.
Fomento a produção em sistema de agroflorestal
A meta do projeto é chegar a 100 propriedades no oeste mato-grossense. Metade em médias e grandes propriedades e a outra metade em área de pequena escala. Neste último caso o foco é fomentar a produção em sistema agroflorestal.
“O objetivo é trabalhar com frutíferas por meio dos SAFs, sistemas agroflorestais, para que ele conseguia daqui a dois, três anos retirar desses sistemas o seu sustento, para a produção de polpa, para a venda de frutas, comercialização regional e local”, salienta a pesquisadora do IPAM, Fernanda Vieira Xavier.
A pesquisadora do Ipam explica ainda que o projeto de Paisagens Sustentáveis está alinhado às estratégias do Instituto PCI – Produzir, Conservar e Incluir – ao qual Mato Grosso tem metas a cumprir até 2030. Até lá, é preciso melhorar a eficiência da produção agropecuária e florestal, a conservação e recomposição da vegetação nativa e a inclusão socioeconômica da agricultura familiar.
“A gente enxerga aqui na região oeste de Mato Grosso, pela sua diversidade paisagística e territorial, um enorme potencial de captação de recursos e investimentos, principalmente investimentos internacionais, pela quantidade de vegetação nativa que ainda tem preservada aqui. Pelo potencial de alimentos por meio da agricultura familiar, pela altíssima produtividade com tecnologia, por ser uma região que detém as nascentes do bioma Pantanal, do Rio Paraguai. A gente entende que esse território oeste pode servir como um território modelo para o futuro de produção, produtividade e sustentabilidade”.
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