PATRULHEIRO AGRO

Clima irregular ameaça produção e renda do milho em MS

Produtores das regiões norte e sul de Mato Grosso do Sul estimam que perdas no milho podem chegar a 50% na média final da safra

A estiagem prolongada, especialmente nos municípios das regiões norte e sul, em Mato Grosso do Sul pode causar perdas de até 50% na média final da safra de milho 2023/24. É o que estimam os produtores, diante do clima adverso que ainda castiga o estado.

Assim como em outros estados, o clima também vem causando transtornos ao Mato Grosso do Sul. Primeiro foi a seca na fase inicial do cultivo da soja que atrasou o seu ciclo e prejudicou o desenvolvimento das plantas. Depois veio o excesso de chuvas na colheita da oleaginosa, causando perdas de até 40% na produtividade médias das lavouras. E agora, a apreensão gira em torno dos milharias.

Produtor em São Gabriel do Oeste, Sebastião Cruciol Filho registrou na lavoura de soja uma produtividade média 40% abaixo do previsto. Ao Patrulheiro Agro desta semana ele conta que a primeira área semeada com milho, em fevereiro, nasceu bem. Contudo, na fase de formação de grãos as chuvas cessaram.

“Ele sentiu muito, porque não tinha o sistema radicular profundo para buscar umidade. Esse milho eu vou perder uns 30% do que imaginava colher. E o restante da área, que eu plantei mais tarde, no final de março, esse milho nem produção vai dar”.

A previsão do produtor era colher entre 120 e 140 sacas nesta temporada de milho, contudo ao olhar para a situação de sua lavoura, a qual algumas plantas não apresentam espiga, “a gente não pode esperar mais, sei lá, dez, 15 sacas de milho por hectare”.

“E o problema maior da safrinha é que nós viemos safrinha problemática o ano passado com preços de fertilizante, defensivo alto. Por exemplo, eu comprei um adubo para a minha safrinha de 2023 a R$ 5,8 mil o saco, esperando vender o milho a R$ 70, R$ 75. Quando nós fomos colher, o milho estava R$ 37, R$ 38. Então, eu já venho com um prejuízo muito grande da safrinha do ano passado”.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Júlio Bortolini, é “inevitável” qualquer tipo de operação de colheita para um pouco do que se conseguiu produzir.

“A situação de São Gabriel do Oeste com a safra e a safrinha é caótica. É difícil. E nós precisamos do milho para atender a suinocultura. Esse milho não tem a classificação mínima para fazer ração para o animal”, pontua ao Canal Rural Mato Grosso.

A realidade vista na propriedade do produtor Sebastião Cruciol Filho é a mesma de outros agricultores do município, salienta Júlio Bortolini.

“Dos 50 mil, 60 mil hectares de milho safrinha [plantados nesta temporada], vai colhei uns 15 mil por aí. O resto não vai ter mínima condição de entrar uma máquina para colher. Até porque é inviável o custo da colheita, a operação, porque depois não vai ter comprador para o milho, pois a categoria, a classificação dele não passa”.

Áreas de milho são abandonadas

O clima adverso também foi rigoroso com os milharais de Dourados. Algumas áreas no município chegaram a ser abandonadas, prejudicadas pela estiagem durante o ciclo da cultura. Conforme o Sindicato Rural, as perdas de produtividade no resultado final da safra podem chegar a 50% este ano.

“Choveu muito pouquinho aqui na nossa região e isso comprometeu muito a nossa safra. Esses 50% que nós vamos colher, haja visto pelo investimento que os produtores fizeram nas suas propriedades, que a tecnologia segurou. Senão, nem isso daria com certeza. Tem muitos produtores que passaram a grade na área. É um prejuízo muito grande”, diz o vice-presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira.

Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a área destinada ao milho segunda safra este ano foi de 2,218 milhões de hectares, um recuo de 5,8% na comparação com ciclo passado. A produtividade média estimada é de 86,3 sacas por hectare.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), Jorge Michelc, conta que em torno de 30% da área do estado destinada ao cereal vem sentindo os efeitos da seca.

“Com certeza vai comprometer muito a produção do nosso estado. Eu até acho que a quebra de safra no milho seja muito maior do que foi a safra de soja”, frisa Jorge Michelc ao Canal Rural Mato Grosso.

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