As áreas desmatadas após 2008, mesmo de maneira legal e autorizada, continuam gerando polêmica e apreensão aos agricultores que fazem parte dessa lista. O acordo restringe a compra de soja produzida na região da Amazônia. Nos municípios de Vera e Feliz Natal, médio-norte de Mato Grosso, cerca de 307 agricultores foram adicionados à moratória da soja.
O gestor de negócios do Grupo Capitânio, Marcos Paulo Capitânio, explica, em entrevista ao Patrulheiro Agro desta semana, que comprou uma área em 2012 e devido a crise de 2005/2006 da agricultura e do gado, muitas áreas foram abandonadas.
“A gente adquiriu elas e voltou a fazer limpeza de pastagens conforme a legislação estadual previa que pudesse ser feito. As empresas mudaram a legislação no meio do caminho, então, a gente está nesse prejuízo aí hoje”, afirma.
O grupo tem uma área de aproximadamente 7,9 mil hectares na região de Feliz Natal. Marcos comenta que desse montante, 2,3 mil hectares estão parados sem produção.
“Faz dois anos e é um prejuízo enorme para nós. É uma das melhores áreas… Muito argilosa, muito boa. O último ano que a gente produziu nela, fechou 65 sacas de soja e 140 sacas de milho, por hectare. É um sentimento de impotência, não passam a informação do que é que tem e qual é o problema, simplesmente, falam que de vocês a gente não compra”, pontua.
Os produtores de Vera e Feliz Natal, juntos, somam uma área de aproximadamente 100 mil hectares entre pequenas e médias propriedades rurais. O presidente do Sindicato Rural, Rafael Bilibio, que representa os dois municípios, reforça o cenário delicado na região. E os impactos negativos significativos na arrecadação e na questão social das duas cidades.
“Nós não estamos falando de moratória contra desmate ilegal, estamos falando de desmate legal de propriedade que poderiam que é permitido por lei brasileira. O social é um reflexo grande desse problema, para pagar o seu funcionário, a oficina mecânica…”, frisa.
Segundo Rafael, os dois municípios cultivaram nesta safra aproximadamente 430 mil hectares de soja.
Entidades do setor demonstram preocupação
O delegado da Aprosoja-MT da região, Sandro Luis Mick, diz que no começo a restrição era apenas para a comercialização em algumas empresas e, atualmente, quase todas aderiram esse acordo.
“Uma novidade recente que a gente percebeu de 2023 para cá é a restrição do crédito agrícola. O produtor que está com nome na moratória da soja, está restrito ao crédito. É injusto porque o agricultor seguiu as regras ambientais e se sente em uma situação incompreensível”, diz.
Para o Sistema Famato, essa situação desmotiva o produtor a trabalhar e investir na sua propriedade. O vice-presidente do Sistema, Ilso Redivo, pontua que é inaceitável essas imposições por serem arbitrárias e ilegais.
Governo de MT conversa com empresas
O governador Mauro Mendes esclarece que está conversando e dialogando com as empresas e afirma que não vai trazer insegurança jurídica aos agricultores do estado.
“Existe uma lei no país que diz o que pode e o que não pode, então eles como empresa são obrigados a cumprir essa lei. Não podem inventar uma lei deles, ou seja lá de quem for de fora do Brasil e querer vir impor para nós. Se respeitar nossas leis serão respeitados, se não respeitar vai nos dar o direito de agir de forma mais dura com eles”, finaliza Mendes.
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