Mato Grosso é responsável por 55,19% da produção brasileira de soja não-transgênica na temporada 2023/24. A atual participação representa um aumento de 5,34 pontos percentuais em relação ao ciclo anterior. A perspectiva de produção no estado é de um milhão de toneladas do grão convencional.
Levantamento do Instituto Soja Livre (ISL) mostra que nesta safra o estado plantou 378,8 mil hectares com soja convencional. A extensão é inferior à do ciclo 2022/23, quando haviam sido 491,6 mil hectares.
Eduardo Vaz, coordenador executivo do ISL, acredita que Mato Grosso representar a maior fatia da produção nacional e área de soja convencional decorre do fato do estado ser o maior produtor da soja transgênica, visto a mesma acabar sendo favorecida por fatores logísticos, de originação e de maior rentabilidade ao produtor.
O consultor Fernando Nauffal salienta, também, que outros fatores influenciaram no crescimento do marketshare mato-grossense.
“Com a recente autorização de exportação de carnes de frigoríficos paranaenses para a China, a demanda por insumos para ração animal teve aumento no estado sulista que é um grande produtor de frango e suínos”.
Volatilidade do prêmio impacta na área
De acordo com o Instituto, a área consolidada de soja não-transgênica no país apresenta uma queda de 30,5% em relação à safra 2022/23. Os dados levantados mostram ainda que somente Minas Gerais não registra recuo, e apresenta uma ampliação de 18,74% na área produtiva, principalmente, devido à localização de empresas de originação de soja convencional no estado.
Outros estados de destaque na participação do mercado nacional na safra 2023/24 são Paraná, com 19,44%, e Goiás, com 7,04%. Ambos apresentam queda no comparativo com o ciclo anterior, de 26,80% e 8,65%, respectivamente.
Em termos de produção são aguardadas 1,8 milhão de toneladas de soja não-transgênica no país.
Segundo o ISL, a tendência de queda na área total de soja convencional identificada pode ser explicada pela volatidade no valor do prêmio pago pelos compradores europeus sobre o preço da soja convencional. Esse prêmio é mensurado em dólares por bushel (US$/bushel) e é adicionado ao valor da commodity de acordo com a demanda em determinada região. Nos últimos dois anos, essa remuneração adicional tem decrescido.
O coordenador executivo do ISL, Eduardo Vaz, pontua que o aumento na oferta de produtos de soja convencional tem influenciado na redução de preços. Um exemplo é o aumento na disponibilidade de farelo de soja convencional produzido por países como Rússia e Índia, prejudicando o produto brasileiro – mais distante dos mercados compradores.
A produção na Argentina também tem impactado diretamente nos prêmios. “O país recuperou sua produção e chegou ao dobro do que foi visto em 2023, podendo se tornar o maior fornecedor de farelo de soja do mundo em 2024”, analisa o consultor Fernando Nauffal.
No entanto, mesmo com o aumento na produção argentina, a Europa permanece dependendo dos volumes brasileiros para atender à demanda, com o país responsável por 27% do farelo de soja convencional importado pelos europeus.
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