“Esses países não fazem 20% do que o Mato Grosso e o Brasil fazem, e ainda se julgam no direito de vir aqui apontar o dedo”. A declaração, em tom de crítica, é do governador do estado Mauro Mendes acerca das imposições e restrições impostas pelo mercado internacional, em especial o europeu, quanto a produção nacional de grãos e proteína animal.
Na avaliação do chefe do Executivo mato-grossense, países que são menos competitivos no agronegócio querem “colocar o Brasil na posição de vilão ambiental”. Durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (29), Mauro Mendes classificou tais imposições como “um falso pretexto de preservação” para a realização de bloqueios à produção brasileira, a exemplo da moratória da soja.
O governador comentou que durante a COP [Conferência do Clima] em Copenhague questionou os produtores rurais europeus sobre o percentual de uso da terra para plantio e que a resposta foi de em torno de 80% a 85%.
“Quando eu contei para ele que nós tínhamos que preservar 80% do bioma amazônico, o produtor não conseguia entender aquilo. Na Europa, em alguns países, eles usam 90%, 95%, e acabaram de flexibilizar os 4% que teriam que preservar”, disse Mauro Mendes.
Brasil e Mato Grosso não podem fazer sozinhos
O governador de Mato Grosso lembrou que o país possui uma das leis ambientais mais restritivas e exigentes do mundo, que é o Código Florestal, e mesmo assim vir alguém e dizer que não há respeito e que “vou impor a vocês uma regra”. De acordo com ele, o Brasil não pode agir como “um país tupiniquim, e receber essas imposições de algo que eles não estão fazendo lá”.
“Eles não querem debater porque aumentaram o consumo de carvão e a exploração de petróleo, e o porquê estão queimando cada vez mais combustíveis fósseis. O carvão representa sozinho quase 50% das emissões de carbono do planeta. Não podemos ficar aqui passivamente sendo acusados quando nós fazemos a nossa parte, e eles não”.
Mauro Mendes frisou ainda que tanto o estado quanto o país deveriam ser “ovacionados” e “aplaudidos” por seus grandes ativos e o trabalho de preservação dos mesmos dentro do que é estabelecido pela legislação brasileira. Ele pontuou ainda que “deveríamos ser respeitados e até remunerados por isso”.
Leis mais duras para crimes ambientais
Mauro Mendes ainda defendeu a imposição de leis mais duras para aqueles que insistem em cometer crimes ambientais.
Recentemente o estado multou em mais de R$ 2,8 bilhões um produtor rural durante a Operação Cordilheira. O valor é considerado a maior sanção administrativa já registrada pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT). A operação resultou no cumprimento de ordens judiciais de arresto, sequestro e indisponibilidade de bens referentes ao desmate químico em uma área de mais de 80 mil hectares de 11 propriedades no Pantanal.
Questionado sobre o motivo da demora em se constatar tal crime ambiental, o governador pontuou que para desmate químico “o sistema não estava preparado”, ao contrário de ações que envolvem equipamentos como tratores, mas que o executivo já realizou “uma contratação emergencial e no máximo em um mês e meio nós vamos fazer uma adaptação tecnológica e seremos capazes de perceber”.
Acerca do pedido de prisão negado ao produtor rural em questão, e lembrando a situação da apreensão recente de aproximadamente 420 quilos de cocaína no estado no qual em cerca de 24 horas os suspeitos estavam soltos, Mauro Mendes foi enfático ao dizer que “Nós estamos jogando com as regras da lei brasileira e eu sempre digo, elas são frouxas. Se nós não mudarmos isso, nós vamos continuar convivendo com os mesmos problemas”.
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