PATRULHEIRO AGRO

Seca prejudica safra de soja e milho em Tangará da Serra

Propriedades estão com cultivo de soja interrompidos diante estiagem que dura cerca de 40 dias

Propriedades em Tangará da Serra, região sudoeste de Mato Grosso, estão com o cultivo de soja interrompido por falta de umidade no solo. A estiagem chega a quase 40 dias com lavouras castigadas e com risco de replantio por falta de água e temperatura elevada. Tais fatores implicam em atrasos e dúvidas sobre o cumprimento da janela ideal de segunda safra para o milho.

Este é o cenário desafiador da safra 2023/24 decorrente dos efeitos do El Niño para quem produz no município vistos no episódio 112 do Patrulheiro Agro, desta sexta-feira (17).

Em Tangará da Serra há produtores com mais de 40% da área de soja para ser semeada. A situação vivida no município, inclusive, levou a prefeitura a decretar estado de emergência diante da escassez de chuvas.

Há 18 anos o agricultor Valdecir Coelho planta na região. Ele comenta que durante todo esse tempo nunca registrou tanto atraso de chuvas como em 2023. Nesta safra 1,3 mil hectares foram destinados para a soja em sua propriedade.

“Foi um ano de sol muito quente. Muito calor acima de 40 graus. Aí a umidade que tem vai embora e a planta sofre demais. Você coloca todo o seu investimento na terra e conta com a natureza. Mas, sem chuva, sem água nada vem. Nada próspera”.

Conforme Valdecir Coelho, ele registrou uma chuva de 30 milímetros e conseguiu plantar, mesmo que atrasado.

“Estava fechando o ciclo da soja para plantar o milho safrinha depois. Então, acabei plantando-a meio no seco esperando que a chuva viesse, mas não veio. Agora nós estamos com problemas, porque nasceu 20% da área e tem grão que estragou. Agora tem que esperar chover para ver o que a gente faz”.

O agricultor conta que em meio a situação possui duas opções apenas. “Ou deixa a soja para colher 50% dela, que iremos ver como ela vai se comportar ainda, ou nós tiramos ela fora e plantamos o milho safrinha. É um ano difícil. Estamos entre a cruz e a espada sem saber o que fazer”.

Suspensão do plantio da soja

Na propriedade do agricultor Fernando Pezzini não chove a quase 40 dias, fato que vem castigando duramente a soja plantada. Ele, que planejava plantar 100% dos 1.287 hectares na safrinha já mudou os planos para o milho.

“Vamos ficar só com mil hectares plantados. Mesmo que chova hoje, não consegue mais. Já perdeu. Já está fora. O ideal é fazer uma boa janela e o que ficar fora manter cobertura para proteger o solo. No patamar de hoje, nosso carro chefe é a soja. Com clima adverso e preço ruim, o produtor vai ficar seguro, tirar os pés do acelerador e esperar esse momento ruim passar. Essa é a estratégia hoje”.

O presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Romeo Chiochetta, revela que 40% da área destinada para a soja 2023/24 ainda aguarda as sementes.

“Esse El Niño está muito diferente. Estamos aqui há muitos anos e não vimos nada parecido com o que está acontecendo esse ano. Esse volume grande ainda a ser plantado e um risco de replantio de parte do que já está plantado. É uma interrogação bastante grande para a gente falar em números reais do que vai baixar de produtividade aqui no município”.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, o que se está vivendo nas lavouras e no estado como um todo em termos de clima traz muita preocupação e angústia.

“Obviamente isso traz muita preocupação, muita angústia uma vez que o desenvolvimento é complexo e o produtor fica incerto, inseguro da própria comercialização e nos próprios investimentos futuros. Estamos torcendo para que venha uma chuva para melhorar as condições das nossas lavouras, para que os agricultores possam seguir buscando a viabilidade dos seus negócios”.

+Confira todos os episódios da série Patrulheiro Agro


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