Em pleno plantio da safra de soja a Fazenda Boa Vista, em Sorriso (MT), no médio norte do estado, é conhecida pelas boas práticas relacionadas à manutenção do solo. A otimização do espaço, o plantio direto e a rotação de culturas fazem parte do manejo na propriedade e garantem a sustentabilidade agrícola no estado com a maior produção de grãos e fibras.
A propriedade com 10 mil hectares foi adquirida em 1980 pela família Nichele, que veio do Rio Grande do Sul. Os campos de cultivo produzem soja, milho, algodão e feijão. O período agora é para o plantio de soja e, nesta safra serão semeados seis mil hectares da oleaginosa.
As boas práticas de conservação do solo para plantio de soja é o tema do MT Sustentável desta semana.
O plantio direto é uma das técnicas adotadas em praticamente todas as lavouras mato-grossenses e, na Fazenda Boa Vista, não seria diferente. Dirceu Bruch é engenheiro agrônomo e gerente da FBV – sigla pela qual a propriedade é conhecida, mostra como a palhada deixada por culturas anteriores, com o passar das safras, vai criando uma camada de fertilidade no solo.
“A palhada do milho, proporciona a manutenção da umidade, evita a evaporação do solo, acomoda a chuva, faz com que o impacto da chuva não compacte o solo, isso é muito importante. E a decomposição dela favorece o desenvolvimento de micro-organismos no solo. É um conjunto de fatores que faz melhorar a estrutura do solo”, pontua.
Em uma outra área da fazenda, adquirida há pouco tempo, o produtor Fabiano Nichele, decidiu abreviar os ciclos. Ao invés de esperar a sucessão das safras para a formação de um solo fértil, resolveu aplicar a cama de aviário – matéria orgânica com muitos nutrientes.
“É um ciclo que retorna pro campo. Sai do campo e retorna pro campo é rico em matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio. E fora a parte microbiana do solo, que ele vem com um monte de incremento e isso ajuda a gente. Em todas as áreas que a gente faz esse manejo vemos que tem um incremento de produtividade para as próximas safras”, explica.
O cuidado com o solo vai além do plantio direto, da rotação de culturas e do uso de defensivos biológicos. Na propriedade há investimento também para evitar que no período da seca, incêndios destruam o trabalho de anos.
Para isso, caminhões pipa foram adquiridos para combate ao fogo e nos locais onde passam as linhas de transmissão de energia é feita uma limpeza especial. Todo material orgânico que possa virar combustível é retirado.
“O que eu venho fazendo, trabalho de anos e anos, para manter aquela palhada, para transformá-la em matéria orgânica, para haver uma mineralização, pra aquilo ali se transformar em um adubo… ela queimou, simplesmente eu perdi anos de suor mantendo isso. Então, a nossa maior preocupação na época da seca, na colheita do milho é fazer uma ótima manutenção e recolher os resíduos”, frisa Fabiano.
A utilização do solo é outro fator que se destaca dentro do conceito de sustentabilidade. Os 6,6 mil hectares para plantio disponíveis na FBV se multiplicam por dois, visto que na mesma área são duas safras dentro do mesmo ano agrícola.
Além de produzir grãos e fibras, a fazenda é autossuficiente em energia elétrica. Aliás, de olho no futuro o próximo investimento será na geração e venda de energia elétrica com painéis solares.
“Hoje a gente entende que a matriz energética está numa mudança e para a sustentabilidade vai ajudar bastante na questão da diversificação das receitas da fazenda”, finaliza o gerente administrativo e financeiro, Marcelo Buffon.
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