A colheita do algodão chegou a 4,21% da área plantada no Brasil, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Em Mato Grosso, maior produtor de pluma do país, o ritmo dos trabalhos está lento em relação a anos anterior, mas com perspectiva de boa qualidade. Entretanto, produtores revelam estar preocupados quanto ao preço pago pela fibra no estado, que está cerca de 43% inferior ao recebido nesta época em 2022 e é o menor desde outubro de 2020.
Até o dia 30 de junho, Mato Grosso colheu 1,77% dos quase 1,2 milhão de hectares de algodão semeados na safra 2022/23. Percentual abaixo dos 4,58% do ciclo passado nesta época e que os 2,65% da média dos últimos cinco anos, de acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Produtividade do algodão deve andar junto com a qualidade, afirmam especialistas
A expectativa no estado é que sejam colhidas 2,170 milhões de toneladas de pluma na safra 2022/23. Uma produção 1,97% mais volumosa que a passada e com qualidade interessante, como destacam os produtores.
Entretanto, a grande preocupação, conforme os produtores, está centrada no preço pago pela pluma nesse momento. Hoje em Mato Grosso o preço médio gira em torno de R$ 116 por arroba, valor cerca de 43% inferior ao que era praticado nessa mesma época no passado, quando a colheita estava em fase inicial.
Além disso, o montante é o menor desde outubro de 2020, quando o mercado começava a se recuperar da queda brusca que sofreu durante a pandemia.
“Viemos de uma safra de altos custos. A safra que está aí plantada teve um valor agregado bastante alto e o produto caindo de preço. É um momento preocupante, porque neste exato momento a gente começa a projetar a safra do ano seguinte”, pontua Luimar Gemi, produtor em Sorriso.
O produtor frisa que antes de qualquer coisa é preciso que os agricultores concluam a sua colheita de algodão para ter resultados, para que depois seja tomada alguma decisão.
Foco é no planejamento
Presidente da Abrapa e cotonicultor em Mato Grosso, Alexandre Schenkel salienta que 2023 é um ano de transição.
“Nós tivemos anos anteriores com melhor preço de pluma, mas os custos estavam altos. Agora, estamos começando a ver uma redução de custos nos fertilizantes e defensivos”.
Para o presidente da Abrapa o planejamento é a melhor forma de minimizar os custos, principalmente neste momento de queda de preço.
“Isso é estratégia particular de cada um. Fazer o seu hedge, casar compras com vendas para poder ter segurança nesses anos que são desafiadores”.
Abertura de mercados da China
A China, maior país consumidor da pluma de Mato Grosso e do Brasil, vem ampliando a aquisição de fibras do mercado internacional. Recentemente, anunciou, segundo boletim semanal da Abrapa, a possibilidade de voltar a comprar a fibra da Austrália.
Além do planejamento da safra 2023/2024, que já está em andamento, Alexandre Schenkel destaca que o produtor deve estar de olho no mercado internacional. “A China está abrindo mais mercado esse ano, está entrando pluma dos australianos e nós temos que manter o nosso trabalho”.
O presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, afirma que para o mercado brasileiro o fato da China comprar a sua pluma já é muito importante.
“Não importa se compra algodão australiano ou brasileiro ou americano, mas é algodão que concorre com o nosso internacionalmente. À medida que eles vendem algodão para a China, tem outros mercados aos quais temos possibilidades de vender mais. Então, é positivo para o mercado grandes compradores estarem de volta e eles também comprando algodão brasileiro”.
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