Cerca de quatro milhões de sacas de soja 2022/23 com pegada de carbono mensurada e livre de desmatamento produzidas em Mato Grosso começam a adentrar o mercado da indústria nacional e internacional. O volume é a primeira entrega do projeto PRO Carbono Commodities da Bayer.
A iniciativa teve início há três anos e neste ciclo 2022/23 foi realizada a primeira safra do PRO Carbono Commodities, que abrange a produção de soja de 10 agricultores mato-grossenses localizados nos biomas Cerrado e Amazônia, em uma área total de 159 mil hectares.
A multinacional revela que a produção de soja ocorreu em aproximadamente 64 mil hectares. O projeto foi desenvolvido em propriedades situadas em Sapezal, Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis, Matupá e Alta Floresta. O que mostra que a iniciativa traz a garantia de que a produção em questão advém de uma área livre de desmatamento (DCF), que totaliza aproximadamente 90 mil hectares de vegetação natural, considerando reserva legal e seu excedente.
Diretor do Negócio de Carbono da Bayer para a América Latina, Fábio Passos, explica que o projeto mensura a pegada de carbono durante toda a fase agrícola, ou seja, analisa desde o pré-plantio até colheita, e segue pela fase de transporte até a entrega do grão, com transparência e rastreabilidade de informações a fim de validar o junto à cadeia de comercialização.
“Começamos o projeto do Pro Carbono Commoditie há três anos trazendo a Embrapa e toda a ciência para construir calculadora, todas as ferramentas para quantificar as bases tropicais e agora a gente aplicou isso em larga escala na região de Mato Grosso em cerca de 64 mil hectares”, diz Passos.
Cálculo mostra que redução chega a 71%
A entrega da primeira carga, produzida pela Bom Futuro Agrícola, foi realizada à ADM, que acompanhará a fase de transporte até a chegada do grão na unidade de armazenamento.
De acordo com a Bayer, o programa registrou dados primários das áreas referentes às 240 mil toneladas de soja produzidas e contabilizou uma pegada média de carbono de 861,55 CO2 eq/t. Se somados tais dados primários as advindas da adoção de melhores práticas, considerando o cenário dos talhões de melhores patamares por município no programa, o resultado chegar a uma pegada média de carbono de 657,02 CO2 eq/t.
“Quando comparado com o padrão global a gente está falando em 44% de redução, já com os dados padrão da calculadora brasileira. [Ao se analisar] os dados primários o produtor reduz ainda mais 41%, porque ele está trabalhando com dado específico da fazenda. E, quando eu olho o melhor talhão de cada fazenda eu posso reduzir mais 20% dessa pegada. Ao todo entre o dado que a gente tem hoje e o dado específico dos melhores talhões da fazenda eu estou falando em 71% de redução da pegada de carbono mensurada nessas fazendas”, afirma Fábio Passos.
A mensuração foi feita com ferramenta PRO Carbono Footprint, desenvolvida colaborativamente por meio de uma parceria da Bayer com a Embrapa e lastreada em uma metodologia com reconhecimento internacional, a análise do ciclo de vida (ACV).
Pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Marília Folegatti, tem sido uma construção há cerca de três anos em que se tem desenhado o sistema de produção.
“A gente tem desenhado o sistema de produção e representou isso numa estrutura de calculo que resulta na pegada de carbono por enquanto da soja. Ela é uma calculadora que calcula com base em avaliação do ciclo de vida e faz toda a contabilidade de gasto, desde a extração de recursos naturais até a produção da soja e a soja transportada até a trading”, pontua a pesquisadora.
Projeto é uma virada na história da produção
O PRO Carbono Commodities é um desdobramento do PRO Carbono, iniciado em 2021 com 1,9 mil agricultores brasileiros, no qual é feito um trabalho para ampliar a produtividade no campo e o sequestro de carbono no solo pela intensificação de práticas regenerativas.
Para Eraí Maggi Scheffer, acionista da Bom Futuro, o momento é ímpar, uma virada na história da produção brasileira.
“Podemos mostrar para o consumidor na Europa, no mundo afora que tem um produto rastreado, que teve baixo carbono usando uma produção de alta produtividade, usando manejos para que não fique emitindo carbono no ar e também começa uma nova era”.
Conforme Eraí Maggi Scheffer, o Brasil está mostrando o seu diferencial. “O pessoal na Europa, outros países, às vezes criticam o produtor aqui. Parece que o produtor é um criminoso e não é. Nem todos são. É uma quantidade mínima que não estão fazendo correto as coisas”, salienta o produtor mato-grossense.
O direto de Grãos da ADM América do Sul, Luciano Souza, reforça que o momento é de virada de página na produção de soja brasileira e para outras culturas.
“Quando a gente olha para uma agricultura cada vez mais sustentável, uma agricultura também regenerativa, isso está totalmente alinhado com o nosso compromisso”.
A carga de soja produzida com pegada mensurada, salienta a Bayer, é auditada pelo Bureau Veritas e entregue à ADM com qualificação da origem, contendo as informações rastreáveis de produção e cálculo das emissões, e em consonância com análises socioambientais.
Com esse sistema de rastreabilidade via QRCode e blockchain, a Bayer propicia uma maior transparência e confiança sobre a origem dos grãos para toda a cadeia, indo além do que existe no mercado atualmente.
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