A potência da produção de algodão no Brasil, em meio aos mais diversos desafios ao longo das últimas décadas, foi destaque XIV Encontro Técnico Algodão da Fundação MT. Hoje, o país é o quinto maior cotonicultor do mundo e o segundo exportador mundial da commodity. Somente na safra 2021/22, Mato Grosso e Bahia foram responsáveis por 91% da produção nacional da cultura.
Realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) e Senar-MT, em Cuiabá, entre os dias 29 e 31 de agosto, o evento reuniu especialistas das mais diversas áreas ligadas ao algodão.
Para especialistas do setor algodoeiro, produtores podem continuar otimistas sobre o futuro da cultura e que, apesar dos desafios, Brasil tem atualmente a chance de se tornar o primeiro do mundo em produção e exportação da pluma. Atualmente, a produção brasileira está atrás apenas da Índia, Estados Unidos, China e Paquistão.
Melhora na qualidade
O futuro do algodão no Brasil foi tema do debate ‘Desafios da cultura do algodão e tendências para o futuro’. Segundo Júlio Busato, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que esteve recentemente em uma reunião Dubai com empresas do Paquistão e visitou indústrias têxteis Turquia, Indonésia, Tailândia e Bangladesh, o que mais se ouviu foi sobre a melhora da qualidade do algodão brasileiro.
“Em todos os lugares ouvimos a mesma coisa: que o algodão brasileiro tem melhorado nos últimos cinco anos e que querem comprar mais algodão do Brasil, cada vez mais”, disse o presidente da Abrapa.
Fortalecimento da confiança internacional
O grande objetivo hoje da cotonicultura brasileira é o fortalecimento da confiança internacional sobre o produto, de acordo com o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte. “Não temos o que esconder, sabemos que tem ano bom, tem ano ruim, mas sabemos que a transparência é fundamental para garantir a confiança e essa mesma confiança vai fazer com que o Brasil ganhe mercado sem precisar vender mais barato, esse é o objetivo”.
Duarte salientou ainda o interesse de países asiáticos pela fibra brasileira é crescente, em especial pelo número de maquinários para fiação que devem entrar em operação nos próximos dois anos. “É uma pena neste momento não ter a produção que a gente esperava, mas em qualidade temos nos destacado. E falar do algodão brasileiro é fácil, pois não querem só comprar, querem aprender como fazer com a gente”.
Clima no exterior favorece o Brasil
Conforme os participantes do evento, além da melhor visibilidade do algodão brasileiro, que tem sido conquistada ao atender os critérios de qualidade exigidos pelos importadores, existem outros aspectos que contribuem para o Brasil ter mais chances de expandir sua posição no mercado da fibra.
Um deles são os problemas climáticos enfrentados pelos Estados Unidos, segundo maior produtor mundial de algodão atrás da Índia, como destacado por Paulo Marques, head global de algodão da ADM, que participou da Suíça. “Secas como a do Texas e chuvas em excesso no sudeste americano, e a temporada de furacões que ainda nem começou, podem trazer nervosismo ao mercado”.
O presidente da Abrapa, Júlio Busato, salientou que em relação a China não há projeções de grandes impactos em sua produção de algodão, contudo o fato do governo asiático priorizar cada vez mais a segurança alimentar uma redução de área destinada para a fibra não é descartada para dar lugar ao milho.
“Não podemos e não iremos perder a oportunidade. O que nos trouxe aqui hoje é a união entre os produtores, pesquisa e a troca de informação que temos entre nós, então com certeza temos que agarrar essa oportunidade e estar unidos”, frisou Busato.