MT SUSTENTÁVEL

Técnica de construção hiperadobe reduz custos em até 40% em relação a métodos tradicionais

A técnica constrói casas com terra ensacada, mantendo umidade saudável de cerca de 60%, resistindo ao clima e reduzindo custos

A técnica de construção hiperadobe está ganhando popularidade entre os agricultores. O método, considerado sustentável e eficiente, chega a possibilitar uma redução de custos de até 40% de uma casa em comparação com obras tradicionais. A residência oferece um ambiente interno com níveis de umidade em torno de 60%, garantindo qualidade do ar mesmo diante de variações climáticas.

Marcos Antônio Wenzel, veterinário e proprietário do Sítio Fulô, localizado em Sorriso, médio-norte de Mato Grosso, conta ao MT Sustentável desta semana que sua inspiração para empreender essa iniciativa foi o resgate da conexão com a natureza e a redução de custos. Hoje, o local é referência em agrofloresta, diante das práticas realizadas.

“O que me motivou a fazer isso daqui foi o resgate com ligação com a mãe terra? Eu ouvia todo mundo falar que era mais barato, eu planilhei, e percebi que ela ficou 40% mais barata do que uma casa convencional”, diz.

A água no sítio é utilizada de forma inteligente em diversos aspectos da agricultura e do dia a dia. Desde a captação da água da chuva até a implementação de sistemas de irrigação eficientes, cada gota é cuidadosamente valorizada.

“Eu tenho que ter a responsabilidade da água que entra e da água que sai. Diante dessa mentalidade, nós conhecemos algumas tecnologias extremamente baratas, fáceis de fazer. Só basta querer”.

Uma das práticas é o tratamento de esgoto por meio de bacias de evapotranspiração, também conhecidas como fossas de bananeiras. Essas bacias não apenas filtram e purificam as águas residuais, mas também fertilizam as plantas circundantes, fechando o ciclo de nutrientes de forma eficiente e natural.

Agrofloresta que gera renda

A agrofloresta presente no sítio surge como uma nova abordagem para o manejo do solo, combinando o cultivo de árvores perenes com a produção de alimentos. São plantados abacaxi, banana, café, cacau, cupuaçu, cocos e flores tropicais que coexistem em harmonia que podem gerar renda.

“Para uma família de agricultura familiar, com certeza é possível fazer isso. Aqui fica um desafio: é preciso querer e trabalhar muito, trabalhar bastante, mas é possível ganhar dinheiro com agrofloresta, sim”, comenta Wenzel.

Para assegurar a reprodução das espécies nativas, estabeleceu-se um viveiro que também cultiva minhocas, essenciais para o sistema, tudo irrigado com água reaproveitada.

Parte das despesas mensais do sítio, incluindo o salário do caseiro, é coberta pela venda de ovos e mel produzidos no local. As galinhas são criadas soltas e desempenham um papel crucial na manutenção da saúde do solo. Para complementar sua alimentação, Marco cria diversas espécies de larvas, resgatando o padrão alimentar natural das aves.

O Sítio Fulô tem sido procurado por interessados em conhecer e estudar a agrofloresta, além de servir como exemplo prático para estudantes das escolas locais quando o assunto é sustentabilidade.

“Eu não gosto de estar inventando a roda. A roda já foi inventada e a gente pode estar aprimorando ela. Então, olhar para trás, usar o que a gente tem hoje, projetar um futuro mais sustentável, um futuro mais amigável, um futuro mais conectado com a natureza. Isto tem sido a minha filosofia de vida”, conclui Wenzel.

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