Foi a partir de uma sugestão de uma das filhas que a vida de um casal começou a mudar. Com a coragem de quem acredita no poder do conhecimento, Paulo Teresino da Silva e Natalícia Rodrigues da Silva largaram a carteira assinada para se dedicarem ao empreendedorismo. Juntos, superaram desafios e hoje fazem sucesso com a venda de hortaliças produzidas em uma pequena área arrendada em Mato Grosso.
Na terra onde a dedicação se transforma em resultado, eles encontraram mais do que sustento: redescobriram a própria força. Cada canteiro guarda memórias e esperança. Eles já tinham uma longa história com o campo, que começou em Goiás. “Sempre, sempre a gente esteve ligado ao campo”, conta seu Paulo ao Senar Transforma desta semana, que trabalhava no estado vizinho em serviços braçais.
Em Ponte Alta, já em solo mato-grossense, eles continuaram no meio rural, mas com uma novidade: o trabalho em uma horta. Era um universo totalmente novo. “A alface foi o que eu tive mais dificuldade, porque eu furei muito o dedo na hora de palitar”, lembra ele.

O empurrão da filha e o renascimento
A grande virada na história do casal veio com a filha Franciele, que se formou em Agronomia e começou a atuar no Senar Mato Grosso. Observando o trabalho dos pais, ela os incentivou a ter o próprio negócio. “A gente tinha um pouco de medo, porque não tínhamos dinheiro para investir. Mas ficamos firmes, porque ela deu força pra gente”, revela dona Natalícia.
Com o incentivo da filha, o casal arriscou tudo, começando em um terreno arrendado em Pontal do Araguaia. A resiliência foi testada em meses de trabalho duro até que os primeiros canteiros trouxessem renda. Mas a maior prova de fogo foi a falta de água. Eles chegaram a cavar um reservatório, trabalhando até de madrugada. “A gente ia até 10, 11 horas da noite, teve dia que fomos até 1 hora da manhã”, conta seu Paulo ao programa do Canal Rural Mato Grosso.
Depois de dois anos de luta, decidiram buscar um novo local. A nova terra, em Barra do Garças, tinha água em abundância e foi a resposta que procuravam.
O conhecimento que rende frutos
O trabalho da família com o Senar começou ainda em Pontal do Araguaia. “A primeira coisa que ela fez foi fazer a análise da terra. Eu nunca tinha feito”, explica seu Paulo, sobre as orientações da filha. “A gente aprendeu muita coisa com ela, muita coisa mesmo”.
Quando Franciele, hoje supervisora de campo, mudou-se para Cuiabá, o técnico Eduardo Matos Braga deu sequência ao atendimento do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Olericultura. Ele encontrou um cenário promissor. “A técnica que estava anteriormente, ela fez um excelente trabalho de base. Tanto a questão da parte técnica quanto a parte gerencial, os produtores já atendiam tudo o que a metodologia se propõe a fazer”, elogia.
Eduardo revela que implementou novas técnicas, como o uso de produtos de carência mais baixa, o que permitiu que o casal colhesse e vendesse em cinco feiras semanais.
O sucesso da produção se reflete na feira, onde a filha caçula, Bruna, trabalha. “Ah, é muito bom, o pessoal sempre elogia a durabilidade. O pessoal fala: ‘Nossa, eu comprei uma rúcula aqui e já tem duas semanas, ela ainda tá intacta'”, conta Bruna. A demanda é tanta que as variedades mais difíceis, como agrião e espinafre, às vezes são levadas sob encomenda. “O tanto que leva é o tanto que sai, graças a Deus”.
Hatyla Marques, supervisor regional do Senar Mato Grosso, ressalta a importância do trabalho de assistência: “Quando a gente fala de Senar, a gente fala de constância e evolução… o nosso objetivo é melhorar, é transformar, mudar a história dessas famílias”.
O futuro da família Campo Alegre
A dedicação e o apoio técnico mudaram radicalmente a vida do casal. “Compensando muito, muito, mas muito mesmo”, afirma seu Paulo, ao comparar a renda atual com o salário de empregado. “Você trabalha, você tem. É muito satisfatório isso”.
E a transformação não é só financeira. A filha Franciele se orgulha da jornada dos pais. “Nem eles mesmos acreditaram no começo… e saber que eles acreditaram, mesmo com todos os desafios. Hoje eles vivem da propriedade, hoje eles sonham, hoje eles veem que é possível”, conclui.
Com a força da família e o conhecimento do Senar, o casal já tem um novo sonho. “O sonho da gente é daqui dez anos a nossa terra, nossa própria Campo Alegre. Montado do jeito que a gente sonha”, revela dona Natalícia. Seu Paulo concorda: “A gente vai batalhar firme para isso”.
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