O sorgo começa a ser utilizado na produção de etanol. A transformação da cultura, que tem se tornado uma alternativa de segunda safra cada vez mais rentável e segura para os produtores rurais em Mato Grosso do Sul, em biocombustível é mais uma forma de valorização do grão e contribuir com a sustentabilidade.
Como uma alternativa de produção de segunda safra, a área destinada ao sorgo no estado tem sofrido variações. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), neste ano foram destinados mais de 94 mil hectares para o grão.
Em Sidrolândia, região central de Mato Grosso do Sul, na Fazenda Limoeiro foram plantados 550 hectares de sorgo nesta temporada, 200 hectares a mais que na passada. O produtor Arthêmio Junior comenta, ao Canal Rural Mato Grosso, que a região possui bastante variação de solo.
“Nós estamos no solo misto de argila baixa e de alto teor de areia. Então, como essas áreas têm uma fertilidade muito baixa, a gente tem plantado soja ao longo de dez anos e eu comecei a integrar pasto ou sorgo, que se adapta melhor nessas áreas destinadas à cultura de inverno. Dá mais rentabilidade que o milho de baixa qualidade”.
Nessa safra, o agricultor espera repetir o desempenho do ano passado e colher em média 70 sacas de sorgo por hectare. Toda a produção já tem destino certo: alimentar o rebanho da fazenda. O que, pontua ele, vai ajudar a reduzir os custos de produção na pecuária.
“Hoje eu sou auto suficiente com sorgo. Ainda estou usando o sorgo do ano passado, já estou próximo da colheita desta e tenho estocado na minha área que é em Maracaju”, completa.
Área de sorgo reduz, mas segue vantajosa
Ao se comparar com a safra passada em Mato Grosso do Sul, a área destinada ao sorgo sofreu uma redução de 27% em relação à temporada passada.
Contudo, mesmo com tal recuo, o cultivo continua sendo uma boa estratégia para o produtor rural, principalmente quando comparado ao milho no que tange às adversidades climáticas.
“O sorgo é uma cultura que tem uma tolerância maior a períodos de estiagem, sobretudo porque ele tem uma capacidade de enraizamento, de aprofundamento das raízes, maior do que o do milho. Ele é uma planta C4, tem mais cerosidade em suas folhas. Ela é uma planta mais resistente, apesar de ser uma planta que é muito mais responsiva em relação aos investimentos de fertilidade do solo. Então, ela tende a ser uma planta excelente de segunda safra”, frisa a consultora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Tamíris Azoia.
Potencial chama a atenção de indústrias
Os potenciais produtivos e econômicos do sorgo têm chamado a atenção de empresas que transformam grãos em energia limpa e sustentável. Neste ano, por exemplo, a Inpasa começa a produção inédita no Brasil de etanol de sorgo. Os primeiros carregamentos já começaram a chegar na unidade de Dourados, mas o processo de transformação será realizado na unidade de Sidrolândia, que ainda está em obras.
A expectativa é uma produção de 440 litros de etanol por tonelada de sorgo.
“Existem regiões, bolsões, onde a gente acredita que tem um grande potencial na cultura do sorgo. Então, aquele risco ou quando a soja chegou muito tarde, o plantio foi tarde e o produtor não teria uma rentabilidade, ele vai ter uma rentabilidade de sorgo agora. A Inpasa vem para dar essa liquidez, uma linear de preço. Igual no milho. Tem preços todos os dias, descarga de milho todos os dias. A gente traz isso para o sorgo também”, diz o gerente regional de originação da Inpasa, Rui Filho.
Mas, de acordo com a Inpasa, o trabalho não para somente na produção de etanol. A empresa quer entender melhor o desenvolvimento da cultura em Mato Grosso do Sul e, por isso, fechou uma parceria com a Embrapa.
O primeiro passo foi a visita de uma comitiva de técnicos nas propriedades rurais para a coleta de dados e informações. O principal objetivo é aplicar uma base tecnológica para o cultivo da qualidade do grão, além de fortalecer parcerias com o setor produtivo.
Segundo o pesquisador da Embrapa, Flávio Tardim, ele acredita que tendo assiduidade, oferta, a cultura do sorgo deverá se tornar mais uma commodity para exportação.
“Ter essa cultura para posicionamento, plantio pós soja em segunda safra, ajuda a agricultura a quebrar a sucessão soja e milho e fazer uma verdadeira rotação, intercalando culturas ano a ano”.
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