O ano era 1984 e, na bagagem, a vontade de trabalhar. Na época em que chegou a Mato Grosso, Valcir Antônio Belusso, o “Xerife”, nunca imaginava chegar aonde chegou: de empregado a proprietário de uma fazenda referência em autossuficiência. Após um longo processo de expansão horizontal, o local parte hoje para o processo de verticalização, com a construção de armazéns, pivôs, maquinários e sementeira.
A propriedade da família Belusso, hoje liderada pelos irmãos Nathan e Luana, sob o olhar do “Xerife”, está localizada em Nova Ubiratã.
Valcir chegou a Mato Grosso em definitivo em 1984 para trabalhar em uma fazenda. Anos depois, conta ele ao programa Especial Mais Milho desta semana, arrendou 200 hectares para começar a sua própria produção, até conseguir adquirir 400 hectares em Sorriso, onde plantava arroz, soja, entre outras culturas.
“Isso em 1998 já. Aí depois arrendei mais 450 hectares e fomos indo, até que em 2001, 2002 plantamos uma área de algodão e conseguimos um dinheiro bom e dei entrada nesta área em Nova Ubiratã”.
A área da Fazenda Concórdia, nome dado em homenagem à cidade natal de Valcir, conta com cerca de seis mil hectares hoje. Destes, 2,2 mil hectares foram destinados para a produção agrícola. Além disso, ele arrenda mais 300 hectares para a agricultura.
“O que temos não é uma área muito grande, mas é bem agregado. Hoje temos 700 hectares de pivô, com previsão de colocar mais 500 hectares. Conseguimos uma estrutura para armazém, câmara fria para armazenar feijão. Estamos nos estruturando ainda”, pontua o Valcir, ao destacar que ao chegar em terras mato-grossenses jamais imaginava chegar aonde chegou.
Autossuficiência é parte das conquistas
Hoje, os filhos já assumiram o comando da propriedade. E, segundo Valcir, “eu só estou de olho”.
Propriedade referência em autossuficiência, Nathan explica que tal fato “é uma parte do prosseguimento das conquistas” do trabalho realizado pela família.
“Eu acho que toda a região de exploração primária, quando a gente começa na exploração horizontal, expansão de área e tudo, chega num ponto que a gente inicia a parte da verticalização. Aí entra a parte de armazém, pivôs, maquinários. A gente tem a sementeira, também. Produzimos nossa própria semente quando o ano permite. Então, eu acho que é uma forma de amadurecimento”.
No que tange a sucessão no comando da propriedade, Nathan comenta que o processo foi natural, porém com um diferencial: não teve resistência dos pais em aceitar ideias, sugestões e opiniões dele e de sua irmã.
“Na hora em que viemos da faculdade, na primeira conversa com meu pai, perguntei o que era para fazer e ele disse ‘fecha o adubo’, virou as costas e saiu. Eu não sabia nada. Lembro até hoje. Foi o pior negócio que eu fiz”.
Milho faz diferença na balança
Dos 2,5 mil hectares destinados para a agricultura (entre próprios e arrendados), 100% da extensão em primeira safra é destinada para a soja. Já a segunda safra é dividida entre milho, arroz e outras culturas de rotação, como braquiária e crotalária.
Na safra 2023/24, tendo em vista as questões econômica e agronômica, o arroz na segunda safra foi destinado para a área com irrigação. Já o milho teve uma redução de aproximadamente 40% da área, vindo a utilizar somente 1,5 mil hectares nesta segunda safra.
Conforme Nathan, o milho está presente desde o início na propriedade e hoje faz diferença na balança,
“A gente vem enfrentando um ano atípico. Um ano com preço um pouco reduzido, mas mesmo assim a agregação de valor é significativa”.
Apesar da redução da redução de área destinada ao cereal e não ter sido semeado no espaço com pivô, bem como de investimentos em fertilizantes, devido aos custos, as perspectivas de produtividade são boas para a temporada. A estimativa é entre 120 e 130 sacas por hectare. A projeção positiva, salienta Nathan, é devido ao clima que favoreceu, com chuvas na fase de pendoamento e enchimento dos grãos no mês de abril.
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