O milho para muitas propriedades é visto como uma cultura chave. Um grão que vem para somar e potencializar tanto a segunda safra quanto a de cereais de inverno, em algumas regiões. É assim que o cereal é visto pela família de Maurício de Bortoli, de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul.
A decisão em se tornar um engenheiro agrônomo foi tomada aos dez anos, quando ainda cursava a antiga quinta série. O motivo? O exemplo visto dentro de casa com o pai cuidando, junto dos tios, das lavouras iniciadas pelo avô há quase 50 anos.
Hoje, Maurício de Bortoli faz parte da terceira geração da família que comanda a Fazenda Santa Teresinha, em Cruz Alta. Nela, além da produção voltada para comercialização, são produzidas sementes de soja, trigo e milho.
“Ela [história] é construída há várias mãos e essa empresa familiar tem muito orgulho em tocar a agricultura aqui na região e também no nosso estado do Rio Grande do Sul. É uma atividade que tem bastantes desafios. É sofrido por muitas vezes, mas é muito gratificante”, pontua o produtor em entrevista ao Especial Mais Milho desta semana.
Tecnologia aliada do produtor
Maurício de Bortoli começou a trabalhar na propriedade da família por volta de 2006. Segundo ele, com um “grande desafio” em mãos: mudar o sistema de produção, agregar valor e agregar o conhecimento adquirido em irrigação e produção.
“Quando vim não tinha nem pivô central. Não usávamos irrigação como tecnologia para garantir produtividade e o aumento dos resultados no campo. Eu pedi uma oportunidade para colocar o primeiro pivô e hoje temos uma empresa praticamente com 33% da área irrigada”.
Além da segurança em termos de qualidade e produtividade, o produtor comenta ao Canal Rural Mato Grosso que “desenvolvemos uma agricultura sustentável em cima dessa ferramenta tecnológica”.

Conforme ele, já na primeira safra com o pivô conseguiu-se obter uma produtividade 50% superior em cima da área de sequeiro. “Ou seja, já começavam aparecer esses números e isso motivou a família a cada vez mais incluir essa tecnologia nos campos de produção”.
A irrigação na propriedade hoje é utilizada tanto para a cultura do milho, que possui uma alta demanda por água, quanto para a soja. O que auxiliou, principalmente, nos períodos de forte estiagem no estado.
A água utilizada durante a safra de verão, explica Maurício de Bortoli, é oriunda das chuvas de inverno.
“Esses equipamentos utilizam a água para fechar essa janela de oportunidade, onde o nosso ambiente não fornece a água necessária. Nós fazemos a utilização pontual, usando o pivô como um seguro de produção e uma garantia de alto rendimento”.
Segundo o produtor, em um ano “normal” com o uso do pivô o potencial produtivo na soja chega a aumentar em 50% e em um ano “seco nós podemos dobrar o potencial. Na cultura do milho esse espaço é maior ainda”.
“O Rio Grande do Sul produz em torno de seis mil quilos de média de milho de sequeiro e a gente em área irrigada 12 mil quilos de média a 14 mil, com uma escala de produtividade podendo chegar a 18 mil quilos em algumas regiões. Então, temos trabalhado muito as questões de solo, genética e ambiente de produção para conseguir entregar esses potenciais”, frisa o produtor ao Canal Rural Mato Grosso.
Até três safras em uma mesma área
A propriedade em Cruz Alta, conta Maurício de Bortoli, trabalha em cima do projeto de rotação de culturas. No inverno ela é dividida em três partes. Uma parte recebe culturas gramíneas, como aveia preta e branca e aveias ucranianas. Uma segunda parte é coberta com um mix de plantas de cobertura, se chegando a trabalhar até com sete espécies.
“E o terço final a gente cobre com o trigo, que hoje é a cultura mais importante em termos de cenário de rendimento econômico para o produtor rural. Quando eu falo em culturas de verão, aí entramos com duas culturas principais. A soja hoje ocupa um espaço de mais ou menos 80% da nossa produção de verão de primeira safra e o milho, que ocupa todo ano 20% desse espaço da primeira safra de verão”.
O milho, salienta ele, é usado como rotação de culturas.
“Ele também abre espaço para duas culturas importantes que vem na sequência que é a segunda safra. A gente ainda tem espaço para fazer uma segunda safra de soja em cima do milho verão e depois pode-se fazer o trigo no inverno subsequente, otimizando o uso da propriedade. Nós temos a chance de em torno de 14 meses fazer três safras, praticamente dentro de um ano agrícola”.
Conforme o RTV da Bayer, Roberto Favaretto, o trabalho desenvolvido pela família na propriedade em Cruz Alta “é um exemplo de investimento de sistema produtivo pensando em solo e na melhoria de solo ano após ano”.
“E, fazendo o uso de uma ferramenta fundamental que são as plantas de serviço ou as plantas de cobertura, trabalhando muito a parte biológica do solo. A parte biológica é que vai desenvolver vida e fazer com que todas as plantas consigam se desenvolver, reciclar nutrientes e fixem nutrientes, além de trazer um ambiente muito mais equilibrado para o solo”.

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