Pequenos e médios produtores rurais do médio-norte de Mato Grosso precisarão negociar os insumos da próxima safra de soja com juros de até 20% ao ano. O motivo desse ajuste é a baixa rentabilidade alcançada na safra de milho e a dificuldade de acesso ao crédito rural.
O cenário causa apreensão e pode prejudicar a rentabilidade em muitas propriedades da região.
No município de Itanhangá a colheita de milho já foi encerrada e nesta temporada, foram cultivados aproximadamente 60 mil hectares do cereal. O balanço final de produtividade da safra na região deixou os produtores frustrados perante ao fraco desempenho alcançado nos milharais de muitas propriedades.
Essa situação, comprometeu a expectativa de quem esperava uma boa renda para recuperar prejuízos gerados durante o ciclo da soja.
Conforme o agricultor Ivam Franceschet, toda a região foi afetada. Em entrevista ao Mais Milho do Canal Rural Mato Grosso, ele explica que não conseguiu cobrir o custo da soja e do milho já que na oleaginosa e no cereal as perdas foram de cerca de 40% e 30%, respectivamente.
“Não entregou a produção esperada e não teve rentabilidade. Além do fator produtividade tem o fator preço que também não está colaborando. Tem os custos de implantação da lavoura, custos de investimentos já que todo ano tem parcelas de renovação de maquinário, correção de solo e neste ano não teve remuneração para pagar isso”, afirma.
Além disso, uma outra situação acende sinal de alerta na propriedade. Encontrar recursos para custear a próxima safra em um assentamento que mora há 15 anos onde cultiva soja e milho.
Entretanto, até agora, não conseguiu reunir todos os documentos exigidos pelas instituições que financiam o dinheiro do plano safra, com juros mais acessíveis.
“Existe uma morosidade muito grande por parte do Incra em realizar e efetivar as documentações para facilitar o nosso acesso ao crédito. Nós precisamos ter o CCU ou o domínio de título em mãos. Isso diminuiu os investimentos e faz com que cultivemos uma lavoura mais enxuta para reduzir custos”, comenta.
Essa situação também tem acontecido na cidade vizinha. Em Tapurah, de acordo com o Sindicato Rural do município, a produtividade final foi abaixo do esperado.
O presidente do Sindicato Rural de Tapurah, Dirceu Dezem, disse que a grande maioria, praticamente 95% dos produtores colheu menos.
A baixa disponibilidade de crédito oficial para o custeio da soja também é uma preocupação da região.
“A linha oficial é de até três milhões por CPF, mas não está encontrando para a soja. Poucos produtores conseguiram a linha e o juros não é barato. É de 12% ao ano. Quem pega recurso na soja, não pega no milho. Na nossa região os produtores têm procurado outros recursos com um juros até 20% a mais. Um custo alto e que impacta ainda mais na área de plantio”, finaliza Dirceu.
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