DIRETO AO PONTO

“Agora que estamos descobrindo o que é Sistema Plantio Direto”, diz Jônadan Min Ma

Presidente da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto destaca que, embora a prática seja amplamente adotada, apenas uma pequena parcela segue todos os princípios do sistema

O plantio direto está presente em quase toda a produção agrícola brasileira, especialmente nas lavouras de soja. No entanto, o Sistema Plantio Direto (SPD) — que envolve um conjunto completo de práticas de manejo do solo, rotação de culturas e cobertura permanente — ainda é realidade em apenas entre 10% a 15% das áreas produtivas do país.

“Agora que estamos descobrindo o que é Sistema Plantio Direto”, afirma Jônadan Min Ma, presidente da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto.

Ele lembra que, embora a prática tenha começado há mais de cinco décadas, o verdadeiro conceito ainda está em construção.  Segundo Jônadan, entrevistado do programa Direto ao Ponto, o plantio direto foi o início de uma grande transformação.

“O plantio direto foi o primeiro passo. Não revolver o solo. Proteger o solo da erosão, que é terrível. Quem convive com erosão, plantar hoje de tarde, dá uma chuva pesada de madrugada e amanhecer e lá no campo ver ela lavoura perdida… Eu vivi quantas vezes isso? Eu não dormia à noite”.

Mesmo após mais de meio século, ele observa que ainda há muito a evoluir. “Mesmo após 52 anos, nós estamos vendo que o nosso plantio direto tem que evoluir. Sair hoje dos 36 milhões de hectares de plantio direto, alguns falam 40 milhões pelo IBGE Desses 40 milhões de hectare de plantio direto aqui no Brasil, apenas, no máximo, 10% a 15% adotam verdadeiramente o Sistema Plantio Direto, que é na sua concepção total com todos os preceitos básicos sendo implantados”.

Jônadan Min Ma Direto ao Ponto Sistema Plantio Direto Foto Canal Rural Mato Grosso
Foto: Canal Rural Mato Grosso

Evento mundial vai reunir experiências em Brasília

Com o objetivo de aprofundar o debate e promover a troca de experiências, o Brasil realizará entre 7 e 9 de julho de 2026, em Brasília, o 20º Encontro Nacional e o 3º Encontro Mundial do Sistema Plantio Direto.

“Temos ainda muito para aprender, tem muito para troca de experiência e por isso nós realizamos bianualmente. É novidade para caramba. E a principal novidade, eu acredito que seja a questão do carbono”, explica.

Conforme Jônadan, o Brasil tem papel importante na discussão global. “Nós hoje conseguimos sequestrar carbono, tanto quanto nas áreas muito bem manejadas há mais de 40 anos. Nós estamos conseguindo sequestrar mais carbono do que nas áreas de mata nativa, no bioma natural que está do lado da área implantada”, salienta ao programa do Canal Rural Mato Grosso.

Três décadas de experiência no campo

A experiência prática de Jônadan com o sistema começou no final da década de 1980, na Fazenda Boa Fé, em Uberaba (MG), onde a família cultiva soja, milho, trigo, arroz, cana-de-açúcar e pecuária. “Em 1988 resolvi testar o plantio direto. No início, tivemos queda de produtividade, o que é normal. É um período de transição, de adaptação do solo”, lembra.

A consolidação levou cerca de quatro anos. “Desde 1992, nosso solo está totalmente em plantio direto, sem arar, sem gradear, só com o plantio direto. Agora Sistema”, relata.

Hoje, ele reforça a importância da continuidade e da observação no campo. “Temos que ter paciência. O negócio não vem tudo de uma hora para outra, é uma mudança. Nem tudo que tem sucesso, tem um único só responsável, nem tudo que é fracasso também tem um só responsável. É sempre, geralmente é soma de fatores”, afirma.

E completa: “Nós agricultores temos que ter humildade de reconhecer que precisamos aprender sempre”.

+Confira mais entrevistas do programa Direto ao Ponto

+Confira outras entrevistas do Programa Direto ao Ponto em nossa playlist no YouTube


Clique aqui, entre em nosso canal no WhatsApp do Canal Rural Mato Grosso e receba notícias em tempo real.

Sair da versão mobile