PATRULHEIRO AGRO

Cicatrizes do fogo unem o Pantanal contra nova tragédia

Alguns produtores relatam que, apesar da gravidade do fogo em 2024, faltou “sensibilidade” dos governos federal e estadual para apoiar o setor, especialmente, os pequenos

No Pantanal Mato-grossense, produtores seguem em alerta para evitar novos prejuízos com o fogo, mesmo após trégua nas chuvas que se estenderam neste ano.  Em Cáceres, as cicatrizes de 2024 ainda são visíveis: os danos somam cerca de R$ 500 milhões entre perdas de animais e destruição das propriedades. 

Alguns produtores relatam que, apesar da gravidade, faltou “sensibilidade” dos governos federal e estadual para apoiar o setor, especialmente, os pequenos. 

Em 2024, o fogo consumiu áreas protegidas e propriedades rurais dos Assentamentos Laranjeiras e Ipê Roxo, com aproximadamente 164 lotes. 

O presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Aury Paulo Rodrigues, conta ao Patrulheiro Agro desta semana que o fogo veio de vizinhos e de países vizinhos como a Bolívia. 

Ele explica que 50% do município de Cáceres fica no bioma Pantanal que somam 12 mil quilômetros quadrados.  

“Existe uma estimativa que desse total 60% foi dizimado pelo fogo. Entre animais mortos e mutilados pelo fogo, são aproximadamente, 400 cabeças. O Pantanal inteiro sentiu muito o prejuízo que o fogo deu para o ambiente”, diz. 

O Sindicato Rural e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico de Cáceres, calculam um prejuízo de cerca de R$ 500 milhões pelos danos ocasionados pelo fogo na região. 

Aury ainda diz que nenhum dos animais que se perderam no fogo, foram indenizados.

“Poderia existir alguma sensibilidade do governo em fazer alguma coisa por esse pessoal. A grande maioria eram pequenos produtores. Uma coisa que ajudou muito o agricultor foi o alongamento da dívida, então teve muitos agricultores que conseguiram alongar suas dívidas. A gente acredita que esse ano tenha acontecido uma virada de ciclo que nos trouxe um período chuvoso maior e o pessoal está preparado com uma concentração maior com os bombeiros”, pontua. 

Acúmulo de matéria orgânica nas faixas de domínio

Outra preocupação crescente entre os agricultores é o acúmulo de matéria orgânica nas faixas de domínio das rodovias. Sem o manejo adequado, essas áreas se transformam em combustível para o fogo e, a maioria das ocorrências, são apontadas por quem vive na lida do campo. 

Esse problema se torna a principal porta de entrada das chamas para dentro das propriedades. Um risco que ameaça diretamente patrimônios e tudo o que se produz da porteira para dentro. 

O presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, ressalta que o produtor não mede esforços e gastos para prevenir incêndios.

“Muitas vezes o cerrado vem até a beira da pista, nem acostamento tem e nós sabemos que Mato Grosso faz uma seca extrema do final de abril até meados de setembro. É um período extenso de muito calor, ventos intensos, e baixa umidade do ar combinado com essa palha seca. Essa é a receita perfeita não só para início mas também para propagação de incêndios”, afirma. 

Para ele, o governo federal e estadual tem que fazer o dever de casa para não colocar a culpa no produtor. 

“Nós sabemos que grande parte dos fogos iniciam à beira de rodovias. Um pasto queimado é a comida do animal é o nutriente que vai embora, assim como na lavoura onde você perde nutriente e leva às vezes mais de cinco anos para recuperar esse solo”, finaliza. 

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